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XP Investimentos está mais cautelosa para 2023, mas ainda vê Brasil em destaque

Publicado 08.12.2022, 12:20
Atualizado 08.12.2022, 12:25
© Reuters. Bolsa de Valores B3, 19/10/2021, REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - Estrategistas da XP Investimentos (BVMF:XPBR31) estão com uma visão mais cautelosa para as ações brasileiras em 2023, em razão de riscos de recessão no exterior, que veem como ainda elevados diante de políticas monetárias contracionistas nas principais economias, mas também por incertezas locais, em particular no campo fiscal.

No cenário global, eles ressaltam que indicadores antecedentes apontam possível recessão nos países desenvolvidos, com a preocupação com a inflação - que marcou 2022 – dando espaço para incertezas sobre o crescimento das principais economias do mundo, como Estados Unidos e Europa.

Eles ponderam que na China, por outro lado, o potencial relaxamento da política Covid zero que está em curso pode trazer implicações importantes para a reabertura da economia, e para commodities, como consequência. Mas destacam que o recente aumento de novos casos de Covid pode atrasar esse movimento.

Para a equipe da XP, do ponto de vista global, o Brasil provavelmente continuará sendo destaque, uma vez que está longe das tensões geopolíticas e se beneficia de preços de matérias-primas e da reabertura da China, entre outros fatores. Os analistas também veem que o investimento como percentual do PIB sugere crescimento potencial mais forte à frente e que a inflação está desacelerando.

"Os riscos globais certamente existem, como apontamos na sessão global deste relatório. Mas o Brasil parece bem posicionado para eles", afirmam os analistas em relatório produzido pela equipe de pesquisa da XP, incluindo o estrategista-chefe, Fernando Ferreira, o economista-chefe, Caio Megale, e o estrategista-chefe global, Alberto Bernal.

A principal ameaça para esse cenário, na visão deles, reside na trajetória de política fiscal, que permanece incerta e deve manter a volatilidade no mercado em alta.

"Sem uma regra clara e crível para os gastos, a dívida pública não se estabilizará no futuro previsível, pressionando a confiança dos empresários e as expectativas de inflação". Contudo, os analistas avaliam que ainda é cedo para dizer qual a política fiscal do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda assim, os estrategistas da XP estimam que o valor justo do Ibovespa é de 125 mil pontos para o final do próximo ano, de 135.000 projetados anteriormente. O índice fechou na véspera a 109.068,55 pontos.

As posições defendidas pela equipe incluem ações atreladas a commodities, principalmente o setor de petróleo e gás; empresas pouco relacionadas com crescimento econômico; e companhias que devem permanecer resilientes em meio a uma perspectiva macro desafiadora, negociadas a preços ainda atrativos.

Em contrapartida, não recomendam empresas com "histórias de turnaround", que sejam altamente alavancadas ou tenham baixa lucratividade, assim preterem ativos com "valuations muito esticados", o que inclui companhias de crescimento, como ecommerce, do segmento mais voltado ao consumo e negativamente correlacionados com juros, como construtoras.

Eles acrescentam que as "small caps" também podem enfrentar um ambiente mais difícil dada a maior exposição ao crescimento doméstico em comparação com as "large caps". Além disso, avaliam, expectativas crescentes de altas de juros em 2023 podem continuar pressionando essas empresas de menor valor de mercado.

Projeções

O cenário da XP para 2023 contempla expansão de 1% do produto interno bruto (PIB), enquanto a inflação medida pelo IPCA deve ficar em 5,4% e a taxa de câmbio é estimada em 5,30 reais por dólar no final do ano. As duas últimas previsões refletem perspectiva de incertezas ou piora do quadro fiscal.

© Reuters. Bolsa de Valores B3, 19/10/2021, REUTERS/Amanda Perobelli

Vislumbrando uma política fiscal mais expansionista, a equipe da XP postergou projeção para o ciclo de flexibilização monetária que esperava para o ano que vem - agora avaliam que o Banco Central manterá a taxa Selic em 13,75% até o final de 2023.

"A política monetária a partir de 2024 dependerá crucialmente da nova âncora fiscal", afirmam, estimando que, com maior previsibilidade na dinâmica da dívida, a Selic poderá voltar gradativamente a um patamar mais neutro - em torno de 5% em termos reais.

"Entretanto, se o regime fiscal estiver mudando, o nível de equilíbrio da taxa Selic também pode mudar tanto em termos reais quanto nominais. Se assim for, o Copom pode precisar retomar o ciclo de aperto no próximo ano", acrescentam.

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