"Zona Eleitoral" é uma coluna de notas sobre as eleições gerais deste ano, produzida pelos jornalistas da Reuters no Brasil
22 Ago (Reuters) - A semana política tem início sob grande expectativa, em grande parte motivada pela rodada de entrevistas de presidenciáveis ao Jornal Nacional tendo como primeiro convidado o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira.
Tapas e beijos
Ainda que paire o clima de apreensão, um dos principais aliados do presidente, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, postou vídeo de Bolsonaro no Twitter sorrindo. Em tom irônico, o ministro escreve "Olhe a cara de preocupação do PR com a entrevista de hoje no JN".
No vídeo, Bolsonaro ri e fala: "vou dar um beijo no Bonner hoje, pode?", referindo-se a um dos âncoras do jornal televisivo da TV Globo, um dos alvos preferenciais das críticas do presidente quando aborda os veículos de mídia profissional.
Batalha
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro, publicou post mais cedo em suas redes sociais em que dá o tom de como deverá ser a participação do pai ao Jornal Nacional: Bolsonaro terá a oportunidade de falar "tudo de bom que o governo fez e a Globo escondeu por quase 4 anos".
Na mesma publicação, Flávio voltou quatro anos e divulgou um vídeo de Bolsonaro às vésperas de sua aparição no JN em 2018, em que dizia que entraria "no covil dos ursos" e que acreditava em Deus. "Peço a ele sabedoria, força e fé para vencer esse objetivo porque o futuro de muita gente depende das mãos de poucos que estão aqui agora", afirmou.
Resistência
Em outra postagem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), outro filho do presidente, disse que ele "vai expor tudo o que a Globo escondeu e distorceu nos últimos anos, não perca!".
Apesar das provocações nas redes sociais, a ida de Bolsonaro ao JN causa preocupação no QG de campanha à reeleição dada a audiência que o programa tem. Até a semana passada, o presidente resistia a fazer qualquer tipo de preparação prévia ao programa jornalístico, segundo duas fontes do QG.
Horário de campanha
Na trincheira judicial, a campanha política também está movimentada. No domingo, o PT apresentou denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra Bolsonaro por promover e participar de eventos de campanha durante o expediente e utilizando estrutura da máquina pública para isso.
"Em apenas cinco dias de campanha eleitoral oficial, a agenda de campanha e fatos amplamente noticiados na imprensa nacional têm revelado que o denunciado está participando de atos de campanha eleitoral --de interesse exclusivamente pessoal-- em horário de expediente das repartições públicas do Poder Executivo Federal, o que significa o uso da máquina pública para promover sua campanha eleitoral, vedado pela legislação", diz a peça entregue ao TCU.
Caça e caçador
Em ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para que a Polícia Federal (PF) identifique os integrantes do grupo do Telegram "Caçadores de ratos do STF". Ele também pediu que a PF analise o teor de mensagens. A medida foi determinada após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito de investigação que resultou na prisão, em julho, de acusado de ameaçar ministros do Supremo e o ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
(Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello)