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Merkel critica o "beco sem saída" do isolacionismo e do protecionismo

Publicado 03.05.2017, 11:30
Atualizado 03.05.2017, 11:36
© Reuters.  Merkel critica o "beco sem saída" do isolacionismo e do protecionismo

Juan Palop.

Berlim, 3 mai (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, reduziu nesta quarta-feira as expectativas sobre a presidência alemã do G20 pelas diferenças entre seus integrantes, mas reivindicou a vigência da cooperação internacional frente ao "beco sem saída" que representa "o isolacionismo e o protecionismo".

Merkel, ao discursar em um fórum de organizações empresariais dos países do G20 em Berlim, evidenciou assim as dificuldades com as quais a Alemanha está topando para fazer sua agenda avançar, baseada no multilateralismo e no livre comércio, em um cenário que mudou notavelmente desde a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

A chanceler assegurou que "manter o que foi conquistado no ano anterior", durante a presidência chinesa do G20, já seria "um sucesso" por si só.

Conseguir um consenso entre os integrantes do G20 - China, Índia, União Europeia, Estados Unidos, Indonésia, Brasil, Rússia, México, Japão, Alemanha, Turquia, França, Reino Unido, Itália, África do Sul, Coreia do Sul, Canadá, Argentina, Arábia Saudita e Austrália - é um grande "desafio", justificou Merkel após lembrar os diferentes sistemas de governo e graus de desenvolvimento das principais economias avançadas e emergentes.

Não obstante, a chefe do governo alemão defendeu a cooperação internacional e reiterou que os 20 membros mantêm - apesar de suas diferenças - sua "vontade" de se entenderem e trabalharem conjuntamente "porque sabem que é preciso dar forma à globalização".

"A mera existência do G20 mostra que o isolacionismo e o protecionismo levam a um beco sem saída e não são o caminho para o futuro", afirmou Merkel.

O G20 é um fórum informal, mas se converteu em um importante "meio de cooperação global", em um instrumento que "abre caminhos" para solucionar os "grandes problemas" internacionais desde a crise financeira de 2008, argumentou a chanceler.

Merkel explicou que a Alemanha quer que esse fórum sirva para moldar uma ordem global que permita "aproveitar as oportunidades da globalização" e reduzir "seus riscos".

Nesse sentido, a chefe do governo alemão destacou a importância da aposta pelo "crescimento inclusivo" e do fomento ao desenvolvimento dos países menos avançados em termos econômicos, uma área na qual se enquadra sua proposta de um "Acordo com a África".

Além do meramente econômico, a área de trabalho inicial do G20, a chanceler falou da necessidade de que este grupo de países aborde outras questões conjuntamente, como a luta contra a mudança climática, a batalha contra a pobreza e a resposta às pandemias e aos fluxos em massa de refugiados.

Nesse contexto, Merkel louvou o papel das organizações econômicas internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Como exemplos de sucesso do multilateralismo, Merkel citou o Acordo de Paris contra o aquecimento global e a Agenda 2030 das Nações Unidas, onde foram estabelecidos os objetivos para o desenvolvimento sustentável em nível global.

O discurso de Merkel foi bem recebido entre os representantes das organizações empresariais, que lhe entregaram um documento de "propostas" que, em grande medida, coincide com as posições políticas da chanceler.

"Em nosso mundo interconectado, a cooperação internacional é chave para obter os benefícios, mas também para enfrentar os desafios", diz o texto entregue pelas entidades patronais do G20 à chanceler, no qual sustentam que "agora não é hora para ações solitárias".

Para os representantes das organizações empresariais, "as medidas nacionais isoladas têm o risco de causar fragmentação e fragilidade", enquanto o momento requer "resistência", algo que "somente pode ser atingido através da colaboração internacional".

Os empresários também querem fortalecer o sistema comercial internacional, promover e ajudar as pequenas e médias empresas, melhorar a conectividade, implementar o Acordo de Paris, avançar na transição para as energias renováveis, aumentar o financiamento de infraestruturas, liberalizar os mercados de trabalho e abraçar o desenvolvimento tecnológico.

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