Por Michael Holden e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - Manifestantes pró-direitos humanos disputavam espaço com defensores do governo da China e turistas para ver o presidente chinês, Xi Jinping, num trajeto de carruagem até o Palácio de Buckingham, nesta terça-feira, o primeiro dia de uma visita de Estado à Grã-Bretanha com o objetivo de consolidar os laços financeiros bilaterais.
Aclamada como o início de uma "era de ouro" ou "período de ouro" nas relações sino-britânica, a visita irá selar uma série de negócios, mas tem sido criticada por ativistas de direitos humanos, que acusam o primeiro-ministro David Cameron de fechar os olhos para os abusos cometidos na China.
Também causa incômodo entre alguns dos aliados tradicionais da Grã-Bretanha, como os Estados Unidos, onde a visita de Xi no mês passado foi marcada por desentendimentos sobre furto de informações pela Internet e as ações da China em disputas marítimas asiáticas.
Para a Grã-Bretanha, a visita de quatro dias é o ponto culminante de uma ofensiva diplomática de três anos para mostrar o país "andando alto no palco do mundo", nas palavras de um ministro do governo britânico. Cameron também espera atrair investimentos em infraestrutura, energia nuclear e para a transformação do norte da Inglaterra, que está nos seus planos.
Milhares de apoiadores da China portavam dragões chineses vermelhos e amarelos e enormes retratos de Xi enquanto eles posavam para fotos na alameda na frente do Palácio de Buckingham, onde Xi e sua mulher, Peng Liyuan, vão ficar como convidados da rainha Elizabeth.
Mas centenas de pessoas que protestavam contra as violações dos direitos humanos na China atrapalharam a cerimônia. Elas seguravam cartazes dizendo: "Abaixo o Partido Comunista" e "Fim da repressão à liberdade de expressão".
"Isso mostra que a Inglaterra não está dando a mínima para os direitos humanos", disse Aisha Nahmmacher, 24, do sul de Londres, uma das manifestantes na alameda diante do palácio.
Cameron e seu governo têm se esforçado para manter os direitos humanos nos bastidores da visita e mudar de tom, depois de ter enfurecido o governo chinês em 2012 ao cumprimentar o Dalai Lama, o líder espiritual exilado do Tibete.
O líder do oposicionista partido trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que vai tocar na questão dos direitos humanos quando se encontrar com Xi nesta terça-feira. Na segunda-feira, a pressão de Corbyn levou Cameron a dizer que abordaria o impacto das importações chinesas baratas sobre os fabricantes britânicos de aço.
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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