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ANÁLISE-Economistas já veem possibilidade de Selic voltar ao piso histórico de 7,25% em pouco tempo

Publicado 16.03.2017, 12:15
© Reuters.  ANÁLISE-Economistas já veem possibilidade de Selic voltar ao piso histórico de 7,25% em pouco tempo
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Por Luiz Guilherme Gerbelli e Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - Os recentes sinais positivos da inflação e a expectativa de que o governo vai conseguir colocar as contas públicas em ordem têm levado os economistas a prever trajetória cada vez mais consistente de queda da taxa básica de juros que pode até mesmo pavimentar o caminho para que ela retorne ao seu menor patamar histórico, a 7,25 por cento, já no próximo ano.

Embora as contas públicas ainda sejam bastante deficitárias, os economistas acreditam que as medidas fiscais adotadas pelo governo do presidente Michel Temer, sobretudo a reforma da Previdência, vão ser capazes de dar sustentação para esse cenário positivo.

"A economia é movida por expectativas. Quando há estabilidade macroeconômica, mais importante do que o número fiscal em si é a perspectiva ao longo do tempo", afirmou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Entre outubro de 2012 e abril de 2013, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, a Selic chegou a 7,25 por cento, nível mais baixo já registrado. Na ocasião, no entanto, o movimento ocorreu num cenário de inflação ainda forte e ambiente em que as contas públicas já davam sinais de deterioração.

Agora, apesar dos sucessivos rombos primários, os especialistas acreditam que o cenário prospectivo positivo é um importante fundamento que sustenta a possibilidade de os juros voltarem a ficar nas mínimas. E a aprovação da reforma da Previdência é o pilar central porque com ela, argumentam, além das contas públicas começarem a ser refeitas, melhora o ambiente de confiança.

"Dá para ir a 7,25 por cento, é possível", afirmou o economista do banco Itaú Unibanco, Felipe Salles. "O desemprego está elevado, as expectativas de inflação ancoradas. Num cenário externo benigno e com a reforma da Previdência aprovada, o juro vai para um dígito e fica lá um bom tempo", acrescentou.

No cenário traçado pelo Itaú, a taxa de juros deve ficar em 8,25 por cento ao final de 2018, mas a equipe de economistas não descarta a possibilidade de ela voltar à mínima.

Atualmente, a Selic está em 12,25 por cento, após dois cortes de 0,25 ponto percentual cada e mais dois de 0,75 ponto, em meio ao cenário de forte recessão.

O banco BNP Paribas (PA:BNPP) projeta a Selic em 8 por cento neste ano ou até mesmo abaixo disso se o BC optar por cortar mais do que 1 ponto por vez. Em 2017, ainda restam seis encontros do Comitê de Política Monetária (Copom).

"Estamos otimistas com a política monetária. A inflação está respondendo bem e não nos surpreenderíamos se a taxa de juros for abaixo de 8 por cento", disse o economista do BNP Paribas Gustavo Arruda.

Alguns economistas já trabalham como nível de taxa de juros abaixo da mínima histórica para 2019 e 2020, de acordo com a pesquisa semanal Focus, do BC. As previsões mais baixas para a Selic estão de 7 e 6,50 por cento, respectivamente, ante a mediana de 9 e 8,75 por cento.

O otimismo com a possibilidade de a Selic voltar ao seu menor patamar histórico também tem como pano de fundo o ritmo do atual afrouxamento monetário. Para o encontro do Copom em abril, a previsão majoritária é de corte de 1 ponto, mas já há quem não descarte redução ainda maior, de 1,25 ponto, como o banco Modal.

"Com todo o ambiente restritivo (de crédito) que estamos vivendo, acho que há espaço para o BC cortar mais o juros", disse o diretor de Tesouraria do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella. "Pelos indicadores, daria para a Selic ir a 7,25 por cento", acrescentou.

No entanto, os especialistas concordam que, sem a aprovação da reforma da Previdência neste ano pelo Congresso Nacional, a trajetória de queda dos juros pode ser interrompida.

"Se o Congresso não aprovar há um retrocesso importante já na Selic neste ano. A condição essencial para garantir a queda contínua dos juros é fazer as reformas necessárias, inclusive a trabalhista", afirmou o economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-Rio, José Marcio Camargo.

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