(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff admitiu nesta terça-feira que a consulta popular para a reforma política possa se dar por meio de um referendo e não de um plebiscito, como vinha defendendo.
Em entrevistas ao Jornal do SBT e ao Jornal da Band nesta noite, a presidente disse que "todos defendem a consulta popular" e "não interessa muito se é referendo ou plebiscito".
"Porque é que eu acho que não interessa muito se será plebiscito ou referendo? Por conta do seguinte: é importante saber o que vai constar da reforma. Se a gente tiver um acordo amplo sobre o que vai constar na reforma, pode ser uma coisa ou outra", disse Dilma no Jornal do SBT.
Anteriormente, a presidente defendia que o ponto de partida para a reforma política fosse um plebiscito, mecanismo pelo qual a população determinaria quais pontos seriam modificados. No referendo, o Congresso fará a reforma e a submeterá à aprovação do eleitorado, que votará contra ou a favor da reforma aprovada.
Dilma voltou a defender o diálogo em um segundo mandato e disse que poderá chamar os candidatos derrotados Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) para conversar sobre a reforma política.
"Sem a menor sombra de dúvida, eu estou aberta ao diálogo", respondeu Dilma quando questionada no Jornal do SBT se chamaria Aécio e Marina para discutir a reforma política.
"Eu acho que a palavra correta no início de um governo é se abrir ao diálogo com todos os setores, o Aécio, a Marina", disse a presidente. "Sim, eu posso chamá-los sim."
A presidente prometeu mais uma vez que não deixará "pedra sobre pedra" nas investigação sobre escândalos de corrupção na Petrobras e disse que o governo não será obstáculo para a instalação de mais uma comissão parlamentar de inquérito sobre a estatal no Congresso.
"Eu vejo com tranquilidade quantas CPIs quiserem instalar", assegurou.
EVITAR REDUÇÃO NO RATING DO BRASIL
A presidente disse também que a economia brasileira tem condições de se recuperar e evitar que a nota de crédito do país seja rebaixada pelas agências internacionais de classificação de risco.
"O Brasil está passando por uma situação, que eu diria, ainda difícil, mas nós temos todas as condições de sair dela se todos nós nos dermos as mãos e tivermos como claro objetivo essa retomada do crescimento econômico", disse a presidente em entrevista ao Jornal da Band.
"Até agora nós não temos essa sinalização de que vai haver em um futuro imediato a redução do grau de investimento", disse Dilma.
Nesta manhã, a Moody's divulgou comunicado com os principais desafios da presidente reeleita e afirmou que "a avaliação de rating do governo brasileiro dependerá de seu sucesso em lidar com os problemas de crescimento do país".
Em setembro a Moody's tinha revisado sua perspectiva para o rating brasileiro de estável para negativa.
No último dia 16, a Fitch havia dito que a estratégia do próximo governo para incentivar o crescimento e enfrentar alguns desequilíbrios macroeconômicos, como a inflação elevada e os altos déficits fiscal e de conta corrente, será fundamental para a trajetória do rating soberano do país.
Em julho a Fitch havia reafirmado o rating do país com perspectiva estável.
(Por Eduardo Simões)