BRASÍLIA (Reuters) - Com a arrecadação fraca e sem receitas com dividendos de estatais expressivas para reforçar o caixa, o governo central (governo federal, Banco Central e Previdência Social) teve déficit primário de 2,197 bilhões de reais no mês passado.
Foi o pior resultado para meses de julho da série histórica das contas públicas, tornando ainda mais difícil para o governo cumprir a meta fiscal deste ano.
Nos sete primeiros meses de 2014, a economia feita para o pagamento de juros acumula saldo positivo de apenas 15,230 bilhões de reais, com queda de 60,3 por cento frente ao resultado de 38,317 bilhões de reais em igual período do ano passado, divulgou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira,.
Já a Previdência Social apresentou, no mês passado, déficit 4,996 bilhões de reais, acumulando no ano um rombo de 28,160 bilhões de reais.
Em julho, as receitas líquidas do governo central ficaram em 88,087 bilhões de reais, 12,3 por cento acima na comparação com junho. No mês passado, as receitas com dividendos de estatais federais foram de apenas 5,2 milhões de reais.
No acumulado do ano, as receitas líquidas somam 579,287 bilhões de reais, com alta de 5,6 por cento sobre igual período do ano passado.
Já as despesas atingiram 90,283 bilhões de reais em julho, com alta também de 12,3 por cento em comparação ao mês anterior. De janeiro a julho, totalizam 564,057 bilhões de reais, 10,5 por cento a mais do que igual período de 2013.
O resultado fiscal ruim das contas públicas é consequência da economia fraca, traduzida por uma arrecadação praticamente estagnada em termos reais, da elevada renúncia tributária e de despesas públicas com ritmo de crescimento acima das receitas.
Com esse quadro ruim, o governo segue dependendente de receita extraordinária elevada, estimada este ano em 31,6 bilhões de reais, para fechar as contas.
Mas mesmo com a perspectiva de receita extra expressiva, o cumprimento da meta de superávit primário está em xeque. A meta consolidada ajustada de 2014 é de 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses até julho, essa economia ficou em 1,22 por cento do PIB, segundo dados do Banco Central.
Com esse desempenho e com a tendência de uma arrecadação fraca, a equipe da presidente Dilma Rousseff --que tenta um segundo mandato-- já considera que o alvo fiscal deste ano não será cumprido, conforme informou a Reuters uma fonte do governo recentemente.
(Por Luciana Otoni)