SÃO PAULO (Reuters) - Os bancos de montadoras liberaram 22 bilhões de reais em financiamentos para compra de veículos no primeiro trimestre, alta de 18,4 por cento sobre um ano antes, em um sinal de recuperação do setor automotivo, disse a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) nesta segunda-feira.
Apenas no mês de março, os bancos associados da entidade financiaram 8,3 bilhões de reais, maior volume desde janeiro de 2015. A alta foi de 28,5 por cento sobre fevereiro e de 23,9 por cento sobre mesmo período do ano passado.
Para o presidente da Anef, Gilson Carvalho, os números mostram que o setor começa a esboçar uma recuperação após anos de resultados fracos, no rastro da recessão do país, que fez o mercado automobilístico cair para o pior nível em uma década.
"Estamos vendo alguns sinais de retomada da demanda por crédito", disse Carvalho à Reuters. "O segundo trimestre deve ser melhor que o primeiro".
Mesmo com a recuperação, o saldo da carteira de empréstimos para compra de veículos em março, incluindo Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e leasing, registrou queda de 8,5 por cento na comparação anual, a 161,7 bilhões de reais.
De acordo com Carvalho, apesar da leve melhora de cenário, com juros em queda, as taxas seguem ainda altas refletindo em parte os elevados níveis de inadimplência, que tendem a ser revertidos à medida que os índices de desemprego começarem a cair.
Segundo a Anef, o índice de inadimplência acima de 90 dias nos financiamentos automotivos no CDC ficou em 4,5 por cento em março para pessoas físicas e também jurídicas. Em março de 2016, a inadimplência era de 4,4 por cento para as pessoas físicas e de 5,4 por cento para pessoas jurídicas.
Segundo Carvalho, os financiadores estão sendo cuidadosos nos novos desembolsos, concentrando-se nas operações de melhor qualidade e sendo moderados nas concessões de juro zero e de prazos estendidos.
Os números da Anef mostraram que o prazo médio concedido pelos bancos nos financiamentos em março foi de 41,9 meses, pouco acima dos 40,8 meses ante um ano antes.
(Por Aluísio Alves)