SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch Ratings informou nesta quinta-feira que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil, ponto importante para sua decisão sobre se rebaixará o rating de crédito do país, após o governo cortar as metas de superávit primário.
As novas metas de superávit fiscal do país são menores do que a Fitch havia estimado em abril, quando a agência decidiu colocar perspectiva negativa na nota de crédito BBB do Brasil, disse a analista da Fitch Shelly Shetty, em comunicado.
Uma perspectiva negativa sinaliza que o rating pode ser reduzido dentro dos próximos 12 a 18 meses.
Na véspera, o governo reduziu a meta de superávit primário deste ano para 8,747 bilhões de reais, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), contra 66,3 bilhões de reais, ou 1,1 por cento do PIB, previstos até então. Além disso, abriu a possibilidade de abater até 26,4 bilhões de reais que, no limite, pode até gerar novo déficit.
As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7 e 1,3 por cento do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2 por cento do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.
"A recente revisão da meta de superávit primário... para 2015 destaca as dificuldades da consolidação fiscal em meio a uma recessão", disse Shelly, acrescentando que o desempenho fiscal do Brasil "continua a ser afetado pelo cenário econômico desafiador".
Tanto a Fitch quanto a Moody's avaliam o país apenas dois graus acima de território junk. A Standard & Poor's tem rating BBB- para o país, sua nota mais baixa ainda em grau de investimento.
(Por Walter Brandimarte)