Nairóbi, 17 fev (EFE).- Os chefes de Estado dos países da África Central firmaram um acordo para a criação de um fundo especial de 50 bilhões de francos (R$ 246 milhões) para a luta contra o grupo jihadista nigeriano Boko Haram, segundo informou a imprensa local nesta terça-feira.
Essa medida, estabelecida na noite de ontem em Camarões pela Comunidade Econômica dos Estados do África Central (CEEAC), colocará a quantia à disposição de Camarões e Chade, países vizinhos da Nigéria, que não terá direito ao fundo por não pertencer ao grupo regional.
Esses países, juntos a Benin e Níger, já se comprometeram a mobilizar cerca de 8.500 soldados para lutar contra o Boko Haram na Nigéria, em Camarões e Chade, onde o grupo intensificou seus ataques.
Os chefes de Estado, reunidos na Conferência do Conselho de Paz e Segurança na África Central (COPAX), realizada em Yaoundé, estabeleceram a criação do fundo "por unanimidade", segundo informou o jornal "Cameroon Tribune".
O presidente-executivo da CEEAC e líder do Chade, Idriss Déby, pediu aos países centro-africanos para fortalecerem os laços de solidariedade contra o Boko Haram.
"Nossa comunidade tem de fazer sua parte nesta luta. Exigimos que os estados não afetados mostrem um apoio considerável aos que sofrem a ameaça", afirmou.
Segundo ressaltou a CEEAC, em comunicado, os países-membros manifestaram o desejo de "evitar o efeito contágio" que ameaça "desestabilizar a sub-região inteira".
"O Boko Haram tem que saber que a guerra é como o fogo. Quando se propaga, os que o acenderam também estão em perigo. O Boko Haram não será uma realidade na África Central", insistiu Déby.
O representante da ONU para a África Central, Abdoulaye Bathily, afirmou que "uma solução militar não será suficiente" e pediu um enfoque multidisciplinar para fazer frente ao avanço do grupo terrorista.
Até o início do ano, o Boko Haram focava os atentados na Nigéria, principalmente nos estados ao norte, como Borno, Adamawa e Yobe. No entanto, desde janeiro o grupo começou uma nova onda de ataques nos vizinhos Camarões, Chade e Níger.
Apesar do acordo para mobilizar 8.500 soldados na zona, e da entrada do Chade no conflito, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, desafiou os estados africanos e ressaltou "a inutilidade" da força regional.
As tropas nigerianas, apoiadas pelo Chade, recuperaram na segunda-feira o controle de duas cidades no nordeste da Nigéria, até então sob controle da milícia terrorista, segundo fontes militares.