Buenos Aires, 27 out (EFE).- O prêmio Nobel de Economia de 2008,
Paul Krugman, disse hoje em Buenos Aires que o Brasil ainda é mais
uma "esperança" do que uma certeza de forte crescimento porque sua
economia, apesar de ter respondido bem à crise, não "decolou" como a
da Ásia.
"Todos conhecem a piada de que o Brasil é o país do futuro e
sempre será. Ainda não vemos no Brasil o tipo de crescimento que
vemos na Ásia. Então, eu acho que isto continua sendo uma esperança
e não uma perspectiva certa", disse o economista diante de uma
plateia de empresários.
Krugman destacou que o Brasil teve um desempenho "formidável"
durante a crise global.
"Foi afetado, mas não tanto, os bancos se sustentaram muito bem
e, de fato, o mundo quer levar dinheiro para o Brasil e isto gera
problemas para sua competitividade nas exportações", opinou o prêmio
Nobel.
Para o economista, o Brasil não foi tão afetado pela crise
mundial porque "não está tão exposto ao comércio mundial e também
porque estabeleceu uma estrutura financeira muito mais sólida".
"Tudo isso está certo, mas o que significa isso em relação ao
futuro? Nem sempre é certo que o bom desempenho em um ciclo de
negócios seja presságio de crescimento futuro", disse Krugman.
"Em geral, a década de 30 foi melhor para a América Latina do que
para os Estados Unidos ou Alemanha e isso não se traduziu em boas
perspectivas para as décadas seguintes", argumentou o economista.
Krugman reconheceu que o Brasil tem um "dinamismo empreendedor" e
"indústrias de exportação bem-sucedidas", o que "leva muitos a
pensar que tem excelentes perspectivas de crescimento, mas, por
outro lado, há gente que vem dizendo isso do Brasil há décadas".
"Quando as pessoas falam dos Bric (Brasil, Rússia, Índia, China),
talvez devessem falar dos IC, porque Índia e China tiveram essa
decolagem, mas o Brasil ainda não, e a Rússia é um animal totalmente
diferente", apontou. EFE