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Especialistas ressaltam importância da liderança de Brasil e México na região

Publicado 09.12.2013, 19:29
Atualizado 09.12.2013, 19:35
São Paulo, 9 dez (EFE).- Especialistas da Europa e América Latina, reunidos nesta segunda-feira em São Paulo, ressaltaram a importância de uma liderança partilhada e com "mais força" do Brasil e México na América Latina, que permita à região avançar mais em temas políticos e comerciais frente a outros blocos.

"Se o México e o Brasil unissem forças em três ou quatro dimensões, em um cenário de integração regional, o impulso da economia da região seria transcendental", disse à Efe Rafael Estrella, vice-presidente do Real Instituto Elcano, que participou hoje de uma mesa-redonda no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC).

No encontro, o principal analista para a América Latina do Real Instituto Elcano, de Madri, Carlos Malamud, concordou com Estrella e apontou que a "falta de liderança" na região pode ser compensada pela "liderança partilhada" entre México e Brasil.

A liderança do Brasil dentro do Mercosul, bloco integrado também pela Argentina, Paraguai e Uruguai, como membros plenos, e Venezuela, em processo de adesão, foi questionada também pelos participantes do fórum.

Nesse sentido, a mesa-redonda "Elcano-iFHC: Os novos acordos regionais de comércio e investimentos; desafios para o Brasil e Europa" abordou como tema principal a análise das negociações entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

Malamud comentou à Agência Efe que, "evidentemente, de acordo com a perspectiva do volume da economia, existem grandes desequilíbrios do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil com o resto da América do Sul".

"O mais importante é que o Brasil pertence ao Mercosul e o Mercosul como bloco nega que um de seus membros possa negociar bilateralmente. Isso é uma realidade e o Mercosul perdeu a capacidade de integrar os mercados", apontou.

A embaixadora do Brasil perante a União Europeia, Vera Barrouin, se mostrou confiante em que os países do Mercosul negociem o tratado de associação com a União Europeia (UE) "a seu próprio ritmo", mas dentro de um processo único com todo o bloco, não de forma bilateral.

A UE e o Mercosul retomaram em 2010 a negociação de um acordo de associação, que inclui a liberalização de seu comércio, mas o processo ficou novamente suspenso pela crise que significou a suspensão do Paraguai em junho de 2011, após a destituição do presidente Fernando Lugo.

Durante a suspensão, que o Mercosul levantou em 15 de agosto quando o novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, assumiu o cargo, o bloco incorporou a Venezuela, que ainda não faz parte das negociações com os europeus.

O seguinte passo no processo com a UE é que os quatro Estados fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a UE apresentem suas listas de oferta de acesso aos mercados, algo que se comprometeram a fazer antes do fim de ano.

"Há agora um impulso muito forte para negociar um acordo UE-Estados Unidos, mas no tema Mercosul-UE, esse impulso, tem que ter a liderança do Brasil", apontou Estrella.

Segundo o diplomata espanhol, que foi embaixador na Argentina, "se o Mercosul não for capaz de se reinventar e se transformar em um bloco capaz de se abrir para o mundo, então o Mercosul seria um obstáculo".

Para a economista brasileira Sandra Rios, do iFHC, as negociações entre o Mercosul e a UE avançaram "melhor" com relação as de outros blocos, como por exemplo com os Estados Unidos, por ter uma "maior flexibilidade" em temas como taxas alfandegárias e regras fitossanitárias.

No entanto, Rios admitiu que é "difícil" que o Brasil apresente propostas "muito atrativas" para os europeus, mas destacou o "esforço" do país sul-americano frente às "pressões internas" de alguns setores da economia.

"Nem no setor privado e nem no Governo brasileiro vejo condições para uma liberação plena (do comércio). Mas é importante ter um acordo menos ambicioso que não ter nada de acordos", concluiu Rios. EFE

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