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A exemplo de Obama, serviços esperam alavancar crowdfunding eleitoral

Publicado 24.06.2018, 19:46
© Reuters.  A exemplo de Obama, serviços esperam alavancar crowdfunding eleitoral

A campanha eleitoral do ex-presidente norte-americano Barack Obama, em 2008, nos Estados Unidos, foi o momento em que o crowdfunding superou o tradicional financiamento de grandes doadores e dos próprios partidos. Obama arrecadou aproximadamente US$ 750 milhões em doações e repetiu a estratégia em 2012.

No Brasil, os sócios de plataformas e responsáveis pelas startups de serviços financeiros aprovados para prestar o serviço no Brasil estão otimistas. Para o diretor de Marketing do Vakinha, Cristiano Meditsch, o impulso se dará quando pré-candidatos de partidos tradicionais aderirem ao sistema e quando mais eleitores tomarem consciência de que o financiamento aumenta sua participação no resultado final das eleições. "Quando o eleitor entender que está em suas mãos a mudança na política, este tipo de ferramenta começará a ser mais relevante e será benéfico para a democracia", disse.

Luciano Antunes, CEO do OkPago, disse que a expectativa é arrecadar R$ 20 milhões até a primeira quinzena de agosto. Segundo ele, com o término da Copa do Mundo, o financiamento participativo vai ganhar mais espaço e atenção da população.

Mesmo com o início da arrecadação, o repasse dos valores aos pré-candidatos só poderão ocorrer quando todos os requisitos definidos na norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estiverem cumpridos, entre eles o registro de candidatura, a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e a abertura de conta bancária específica para registro da movimentação financeira de campanha.

Capacitação

A advogada Juliana Lacerda, da Agência Eleitoral, afirmou que o momento é de divulgação e capacitação dos pré-candidatos para que possam utilizar as plataformas de arrecadação, desconhecidas pela maioria. “Neste primeiro momento estamos oferecendo um trabalho de marketing político para os pré-candidatos para depois avançar no financiamento”, disse

Segundo a advogada, a plataforma optou por essa estratégia para tentar dar mais segurança aos candidatos que não estão familiarizados com o modelo. “Os políticos estão habituados a pedir votos, mas não sabem pedir recursos”, afirmou.

O receio de alguns políticos de lidar com as plataformas de vaquinha virtual pode contaminar partidos inteiros. Legendas importantes já decidiram que não vão aderir ao novo modelo, afirmou a advogada, sem citar nomes. O maior temor é o de que, por ser uma ferramenta nova, o pouco conhecimento possa levar a erros que coloquem em risco as candidaturas. “Estamos focados em preparar os candidatos porque se não souberem usar os meios da internet podem ter a candidatura impugnada”, acrescentou a advogada.

Um exemplo de erro que poderia ser cometido nestes espaços virtuais é que o TSE, quando autorizou o início das doações, deixou clara a proibição aos candidatos de pedirem votos durante a divulgação da arrecadação.

Tinder eleitoral

Na corrida para atrair candidatos e a atenção de eleitores, a plataforma Financiamento Ético, primeira autorizada pelo TSE, também decidiu usar o espaço virtual para reunir mais serviços além do financiamento participativo, incluindo interatividade e engajamento do eleitor.

Sócio da empresa, Leonardo Cunha destacou que a proposta de criar uma espécie de “Tinder eleitoral”, citando uma famosa rede de relacionamento virtual. “A gente quer que alguém que gostou de um político convide um amigo para entrar ali e conhecer e abrir portas para facilitar a interação entre os dois. Estamos tentando construir pontes”, disse, ao avaliar que o doador é alguém que dá mais do que o voto.

Para Cunha, além de uma “possibilidade fantástica” de construir um novo cenário político, a modernização do sistema de financiamento também cria soluções para outros problemas diagnosticados em campanhas anteriores. Dos 50 candidatos com contrato assinado com a plataforma, apenas três cumpriram requisitos criados pela empresa para começar a arrecadar. Um deles é que o candidato tenha acesso a redes sociais como WhatsApp, Instagram e Facebook.

“Nossa proposta é qualificar o político. Além do registro de locais por onde ele passou, essas redes permitem que a divulgação de sua candidatura seja virtual. Com isto, sanamos problemas até como o da poluição física que era registrada com a distribuição de panfletos e santinhos”, ressaltou.

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