Las Vegas (EUA), 13 out (EFE).- O pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Bernie Sanders, garantiu nesta terça-feira que o Congresso do país não é quem regulamenta as corporações de Wall Street, "mas é Wall Street quem controla o Congresso" americano, durante o primeiro debate do partido realizado em Las Vegas.
O senador ressaltou que as grandes corporações controlam a política do país, apesar das medidas tomadas pelo governo de Barack Obama para regular o sistema financeiro após a crise de 2008.
"Foi um erro pedir à classe média que pagasse a dívida de Wall Street", acrescentou o senador, que é favorável ao endurecimento das leis para aumentar o controle do sistema bancário americano.
"A avareza, a imprudência e o comportamento de Wall Street, onde a fraude é um modelo de negócio" devem ser restringidos, argumentou o senador.
"Comprove os registros nos anos 1990, quando havia liderança republicana e a despesa em lobby de Wall Street de bilhões de dólares. Bernie Sanders lutou e ajudou a liderar a oposição à desregulação", comentou, ao se referir a si mesmo em terceira pessoa.
"O Congresso não regulamenta Wall Street. Wall Street controla o Congresso", reiterou o pré-candidato.
A ex-secretária de Estado Hillary Clinton, por sua vez, sustentou que seu plano para controlar o sistema financeiro inclui estritas medidas contra a especulação e contempla sanções severas, que incluem penas de prisão para executivos envolvidos em atos ilícitos.
"Se olhamos somente para os grandes bancos, as árvores não te deixarão ver a floresta", respondeu a ex-secretária de Estado às palavras de Sanders.
Hillary considerou que as medidas tomadas pelo governo de Obama foram um bom começo e se referiu à lei "Dodd-Frank", pilar fundamental da reforma financeira do presidente, para indicar que é preciso continuar sua implementação.
A reforma do sistema financeiro promulgada em 2010 por Obama está fundamentada na lei conhecida como "Dodd-Frank", que foi elaborada como consequência da grave crise financeira que abalou o país em 2008 e que provocou a maior recessão econômica em sete décadas.
Sua parte mais controvertida, a chamada "Norma Volcker", entrou em vigor no final de 2013 para dar início a uma nova era de supervisão financeira por parte do governo federal e limitar a capacidade de tomada de riscos dos principais bancos do país.
Além disso, o governo Obama também criou em 2010 o Escritório de Proteção Financeira do Consumidor (CFPB, sigla em inglês), um mecanismo para evitar práticas abusivas de instituições no setor financeiro.