Por James Oliphant e Emily Stephenson
LAS VEGAS (Reuters) - Apesar de a maioria dos espectadores ter se voltado para o espetáculo político protagonizado por Donald Trump durante o debate presidencial republicano da noite de terça-feira, Ted Cruz e Marco Rubio só tinham olhos um para o outro.
Os dois senadores, um do Estado do Texas e outro da Flórida, ambos de 44 anos, filhos de cubanos e estrelas conservadoras em ascensão no partido, deixaram bem evidente que veem um ao outro como o principal obstáculo para conseguirem ser nomeados candidato do partido, se Trump cair.
Desse modo, eles se engajaram em uma luta de braço na maior parte do debate, em questões como a política para o Oriente Médio, a segurança nacional e a imigração.
"A batalha Cruz-Rubio é agora a definição dinâmica nesta corrida", disse Ford O'Connell, estrategista republicano.
Ambos em grande parte deixaram Trump sozinho – e, de fato, quando Cruz foi convidado pelos moderadores do debate a apresentar questões ao magnata do setor imobiliário, ele hesitou.
Mas Cruz não fez restrições quando se tratou de Rubio. Entre outras coisas, ele o acusou de ser mole em política imigratória porque no Senado ajudou a criar uma reforma abrangente.
"Ele estava lutando para conceder anistia e não para proteger a fronteira. Eu estava lutando para proteger a fronteira ", disse Cruz.
Por sua vez, Rubio acusou Cruz de ter contribuído para tornar os Estados Unidos mais vulneráveis a um ataque terrorista, apoiando um projeto de lei que reduziu o alcance de programas de vigilância do país.
"A próxima vez que houver um ataque, um ataque a este país, a primeira coisa que as pessoas vão querer saber é, por que não sabíamos disso e por que não pudemos impedir", disse Rubio. "E é melhor que a resposta não seja que foi porque não tivemos acesso a registros ou informações que nos permitiriam identificar esses assassinos antes que eles atacassem."
A discussão em público vem fermentando há semanas, com cada lado regularmente criticando o outro na mídia, à medida que Cruz subia nas pesquisas. Um recente levantamento de opinião do Des Moines Register apontava Cruz à frente de Trump no Estado de Iowa, que realiza a primeira votação de escolha de candidatos no país em 1 de fevereiro de 2016. No entanto, Trump ainda lidera nas pesquisas nacionais.
Uma vitória der Cruz em Iowa poderia abalar gravemente a candidatura de Trump, já que a mensagem política do magnata é em grande parte baseada em seu domínio atual nas pesquisas de opinião. Além disso, proporcionaria a Cruz o tipo de dinâmica que pode inviabilizar a candidatura de Rubio como o candidato em torno dos qual os eleitores anti-Trump se aglutinam.
(Reportagem de James Oliphant e Emily Stephenson)