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Base aliada promete seguir com reformas qualquer que seja desfecho de crise política

Publicado 26.05.2017, 19:09
© Reuters. Vista do Congresso Nacional em Brasília
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Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A base de apoio ao governo do presidente Michel Temer deu o recado nesta semana, quando forçou votações nas duas Casas do Congresso, e promete avançar com a pauta legislativa --leia-se reformas trabalhista e da Previdência-- independentemente do desfecho da crise política que ameaça o mandato de Temer.

Segundo parlamentares consultados pela Reuters, mais do que demonstrar apoio ao governo, a preocupação atual é sinalizar ao mercado que a agenda econômica não foi esquecida, apesar de toda a turbulência dos últimos dias com a divulgação de denúncias contra o presidente da República e importantes lideranças políticas.

"O Congresso vai continuar votando, apesar da obstrução da oposição", disse o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino (RN), para quem as votações desta semana na Câmara e no Senado --apesar da resistência da oposição e das violentas manifestações de quarta-feira-- não servem de "paralelo" para as votações das reformas, mas demonstram que o Legislativo está ciente de suas responsabilidades.

"O Congresso vai insistir em cumprir toda a sua pauta, isso inclui a reforma trabalhista e a reforma previdenciária."

Agripino negou, ainda, que haja qualquer discussão interna em seu partido sobre que posicionamento tomar em relação ao governo.

"O partido vai aguardar as investigações ou uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Se houver sucessão, o partido vai seguir os ditames da Constituição", disse à Reuters.

Além das denúncias que pesam contra o presidente, feitas na delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS (SA:JBSS3), Temer também tem no radar o julgamento de uma ação no TSE que pede a cassação da chapa vencedora da eleição de 2014, que pode resultar na perda de seu mandato.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), lembrou que seu partido é tradicionalmente identificado com a agenda das reformas. Para ele, não se trata da pauta do governo, mas do país.

"O nosso compromisso é com o Estado brasileiro, independente do que vai acontecer na questão política", afirmou.

No mesmo tom do tucano, o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), afirmou que a prioridade é tocar a pauta, com foco na agenda econômica.

"O Brasil é maior do que nomes, do que pessoas. O Congresso mostrou que está preocupado com isso, chamou para si a responsabilidade, para mostrar à sociedade e ao mercado que a inércia e a omissão seriam a pior mensagem", afirmou o líder do DEM.

Para o deputado e presidente do Diretório do PSD no Distrito Federal, Rogério Rosso, há um entendimento entre alinhados ao governo Temer de que a recuperação econômica está atrelada à aprovação das reformas e à pauta econômica no Legislativo.

"Independentemente do que ocorrer, se haverá alguma alteração ou não na questão da Presidência da República, a base do governo começa de fato a ter um entendimento de que a economia do país está vinculada à realização dessas reformas", avaliou.

A oposição, por outro lado, havia prometido uma dura obstrução nesta semana. Para eles, a determinação de governistas em tocar a pauta a qualquer custo reflete a necessidade de imprimir um ar de "normalidade" ao Congresso. A oposição, principalmente na Câmara, usou de todas as previsões do regimento para obstruir as votações.

Mas na quarta-feira, quando milhares de pessoas reuniram-se em protesto em Brasília contra as reformas, pela saída de Temer e pela realização de eleições diretas, e diante da incapacidade de competir numericamente com governistas, a oposição retirou-se do plenário da Câmara.

© Reuters. Vista do Congresso Nacional em Brasília

"Eles queriam dizer que está tudo normal. Mas botaram o Exército na rua", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) à Reuters, referindo-se à decisão de Temer de autorizar efetivo das Forças Armadas para atuar nas manifestações de quarta.

Sobre a sinalização da base que tocará a agenda, Valente avalia que reflete "uma visão cega como se a política não existisse".

"São aqueles que acham que fazer o bem do mercado é fazer o bem do Brasil, quando na verdade o bem do mercado é exatamente o massacre dos trabalhadores que são essas reformas, ou contrarreformas, que é o nome mais adequado."

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