Por Lisandra Paraguassu e Eduardo Simões
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - Pesquisas de boca de urna realizadas pelo Ibope neste domingo indicaram que o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, João Dória, pode vencer já no primeiro turno, enquanto no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) deverá enfrentar Marcelo Freixo (PSOL) no segundo turno.
Com margem de erro de 2 pontos percentuais, a boca de urna em São Paulo mostrou Dória com 48 por cento dos votos válidos. Em segundo lugar, aparece o atual prefeito, Fernando Haddad, com 20 por cento.
A pesquisa confirma uma tendência mostrada nos últimos levantamentos de crescimento de Dória e de Haddad, que ultrapassa assim Celso Russomanno (PRB), com 14 por cento, e Marta Suplicy (PMDB), que teria 11 por cento.
No Rio de Janeiro, a boca de urna também confirma o crescimento de Freixo, com 20 por cento dos votos, enquanto Crivella ficaria com 30 por cento dos votos válidos. Pedro Paulo (PMDB), que até esta semana aparecia a frente ou empatado com Freixo, ficaria com 15 por cento.
A boca de urna reflete um movimento surgido nos últimos dias de voto útil à esquerda, especialmente nas redes sociais, com apelos para que se evitasse a pulverização de votos nas duas capitais. Em São Paulo, Haddad disputava com Luiza Erundina (PSOL) e, no Rio de Janeiro, Freixo dividia os votos à esquerda com Alessandro Molon (Rede) e Jandira Feghali (PCdoB).
Palmas foi a primeira capital estadual a ter o resultado eleitoral definido. Com pouco mais de 92 por cento das seções apuradas, Carlos Amastha (PSB) já tinha garantido a reeleição, com 52,98 por cento dos votos válidos. Palmas é a única capital que não tem segundo turno, por ter menos que 200 mil eleitores.
Curitiba, por outro lado, foi a primeira capital a definir a composição do segundo turno, que ficou entre Rafael Greca (PMN), que chegou a 38,38 por cento dos votos válidos, e Ney Leprevost (PSD), com 23,66 por cento. O atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), ficou em terceiro lugar, com 20,03 por cento, fora da disputa.
Em São Paulo, com 16 por cento das seções apuradas. Dória tinha 52,71 por cento dos votos válidos e Haddad, 16,43 por cento. No Rio de Janeiro, com 51,9 por cento das seções contabilizadas, Crivella estava com 27,62 por cento dos votos válidos e Freixo, com 18,43 por cento dos votos válidos.
VIOLÊNCIA
Antes do encerramento da votação, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes avaliou as eleições municipais deste ano como uma das mais violentas da história recente do país. O governo vai estudar medidas para tentar diminuir o clima de tensão para o segundo turno, informou o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
"É uma das eleições mais violentas que já tivemos... É inequívoco que o crime organizado está participando destas eleições. As milícias estão participando das eleições no Rio de Janeiro. O narcotráfico também tem seus candidatos. Precisamos prestar atenção nisso", disse o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, a jornalistas.
Ainda assim, Mendes disse que a votação seguia tranquila em todo país neste domingo e que os casos de violência foram pontuais, já solucionados com o apoio das forças de segurança.
De acordo com Jungmann, 491 municípios contam com tropas das Forças Armadas ou da Força Nacional, 14 a mais do que nas eleições de 2012.
"O presidente Michel Temer pediu ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que reúna os ministros da área de segurança para ver o que é possível fazer para melhorar essa situação", disse Jungmann.
O presidente do TSE também informou que se reunirá com Temer nos próximos dias para fazer um balanço do pleito e também irá sugerir medidas de segurança.
Os ministros ressaltaram, no entanto, que até o início da tarde deste domingo não houve mais incidentes. O mais recente foi o ataque a três escolas onde ficam seções eleitorais em São Luiz e uma urna queimada na mesma cidade, durante a madrugada.
Em Angra dos Reis (RJ), houve tiroteio em um bairro e uma equipe da Justiça Eleitoral foi impedida de entrar em uma escola, obrigando a transferência das urnas para outro ponto da cidade.
Com a votação encerrada, o TSE registrava 150 candidatos presos em flagrante por violações da lei eleitoral, em casos que vão de propaganda de boca de urna a transporte irregular de eleitores e corrupção eleitoral.
O tribunal informou também que 2.231 urnas eletrônicas precisaram ser substituídas ao longo da manhã, representando 0,38 por cento do total de equipamentos instalados. Não houve, no entanto, a necessidade do uso de votação manual em nenhuma seção no país.