Por Rodrigo Viga Gaier e Ricardo Brito
RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, durante cerimônia para comemorar o aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, que tem uma missão a cumprir e ressaltou que a democracia e a liberdade dependem do desejo das Forças Armadas.
Bolsonaro disse em discurso que pretende cumprir sua missão como presidente do Brasil ”ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia e a liberdade. E isso, democracia e liberdade só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer“.
O presidente estava acompanhado no evento por dois ministros que são militares da reserva: o general Fernando e Silva (Defesa) e general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). O primeiro escalão tem ao todo oito ministro de origem militar.
No início da tarde ao chegar a seu gabinete no Palácio do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa da fala de Bolsonaro.
"(Ele) está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela, lá as Forças Armadas venezuelanas rasgaram isso aí" afirmou Mourão.
Já no início da noite, em transmissão ao vivo em uma rede social, Bolsonaro reclamou que sua declaração já tinha "as mais variadas interpretações".
Na transmissão, o presidente perguntou a Heleno se tinha achado seu pronunciamento de mais cedo polêmico ou se ele deixava alguma dúvida sobre o caminho das Forças Armadas no Brasil.
"Claro que não", respondeu Heleno. "Ao contrário, as suas palavras foram ditas de improviso, para uma tropa qualificada, foram colocadas para aqueles que amam a sua pátria e vivem diariamente o problema da manutenção da democracia e da liberdade, caracterizando e exortando para que continuem a fazer o papel que vêm fazendo, serem os guardiões da democracia e da liberdade", acrescentou o ministro, ao lado de Bolsonaro.
PREVIDÊNCIA
No discurso, Bolsonaro reiterou que os militares serão atingidos pela reforma da Previdência, mas fez a ressalva de que serão respeitadas as especificidades de cada Força. Sem dar detalhes sobre a mudança nas aposentadorias dos militares, dizendo apenas que ela vai exigir sacrifícios.
“O que eu quero dos senhores é sacrifício também, entraremos sim numa nova Previdência que atingirá os militares, mas não deixaremos de lado e não esqueceremos as especificidades de cada Força“, disse ele em discurso ao participar de cerimônia em homenagem ao aniversário de 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, em evento no Rio de Janeiro.
O governo enviou no mês passado ao Congresso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, e prometeu enviar o projeto de lei referente aos militares até o dia 20 de março.
Parlamentares, no entanto, mostraram resistência em fazer avançar a tramitação da reforma geral enquanto não for enviado pelo governo o projeto que envolve as Forças Armadas.
O evento com militares no Rio foi a primeira agenda oficial de Bolsonaro após a polêmica causada durante o Carnaval por um vídeo controverso publicado pelo presidente no Twitter para criticar as festividades.
Bolsonaro não fez qualquer comentário no breve discurso sobre a repercussão da postagem, mas declarou que quer ao seu lado pessoas que apoiam a família, a democracia e aqueles que têm uma ideologia semelhante à dele.
“O que eu quero é colocar o Brasil em lugar de destaque que merece no mundo”, finalizou.
(Edição de Pedro Fonseca e Alexandre Caverni)