SÃO PAULO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira em entrevista à TV Bandeirantes que seu governo fará "alguma reforma da Previdência|" logo no começo do ano que vem, após assumir a Presidência da República em janeiro.
Na entrevista, Bolsonaro também fez uma avaliação de que a Previdência pode receber ajustes graduais com o mesmo resultado de uma reforma mais profunda e sem levar alarde à população.
"Eu acho --minha opinião-- com o que está aí, você fazendo acertos de forma gradual, você atinge o mesmo objetivo sem colocar em risco e sem levar pânico à sociedade", disse Bolsonaro.
"Nós vamos fazer alguma reforma, se não conseguir aprovar alguma coisa esse ano, vamos propor alguma reforma ano que vem. Logo no começo (do ano que vem)", acrescentou.
O presidente eleito também reiterou que não recriará a CPMF e disse que buscará reduzir impostos para impulsionar a criação de empregos.
"Nós queremos desburocratizar, desregulamentar, fazer comércio com o mundo todo sem o viés ideológico. Nós queremos até diminuir a carga tributária, que alguns falam que é loucura", disse.
"Até porque, hoje em dia, se você diminuir imposto --e é também o pensamento do Paulo Guedes-- lógico, diminuir com responsabilidade, você cria emprego no Brasil. Criando emprego, aumenta a base de contribuição."
Na entrevista, de cerca de 2 horas e realizada na casa do presidente eleito no Rio de Janeiro, ele também disse que os futuros ministros da Agricultura, Meio Ambiente, Relações Exteriores e Infraestrutura estão "no forno", mas não quis revelar os nomes dos futuros titulares dessas pastas em seu governo.
ISRAEL
Indagado sobre seu anúncio de que mudará a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e das reações que isso gerou em países árabes, Bolsonaro disse que Israel decidiu mudar sua capital e que o Brasil respeita as decisões dos demais países.
"Olha, é o seguinte, todo mundo fala que nós não devemos nos meter nas decisões dos outros países. Se Israel resolveu mudar sua capital de local, não fui eu quem mudei, foi Israel que mudou. Você tem que respeitar isso daí", disse Bolsonaro.
A Autoridade Palestina reivindica a parte oriental de Jerusalém como a capital de um futuro Estado palestino. Israel, por sua vez, afirma que a cidade --que abriga locais sagrados para judeus, católicos e muçulmanos-- é sua capital única e indivisível, reivindicação que não é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A decisão de Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira em Israel provocou temores sobre possíveis impactos nas relações comerciais do Brasil com países muçulmanos, especialmente na área agrícola.
Nesta segunda, o governo do Egito adiou, sem estabelecer uma nova data, a visita que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, faria ao país árabe entre os dias 8 e 11 deste mês.
A informação oficial repassada pela chancelaria egípcia é que a viagem precisaria ser adiada por problemas de agenda das altas autoridades do país. Aloysio teria encontros com o chanceler do país, Sameh Shoukry, e o presidente, Abdel Fattah el-Sisi.
No entanto, fontes do Itamaraty admitem que o cancelamento –em cima da hora e sem sugestão de uma nova data, o que não é o protocolo nas relações diplomáticas– é um sinal do desagrado do país árabe com as posições do futuro presidente brasileiro. [nL2N1XG168]
(Por Eduardo Simões)