Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro criará um superministério para cuidar da economia que unirá as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio sob comando do economista Paulo Guedes, e unirá as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, disse nesta terça-feira o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro.
Na semana passada, representantes dos setores da indústria pesada, infraestrutura, petróleo, gás, energia e comércio exterior estiveram na casa de Bolsonaro e pediram que a pasta da Indústria e Comércio ficasse desvinculada de outro ministério.
Os executivos saíram do encontro com a certeza de que isso aconteceria e isso foi até motivo de comemoração. O próprio presidente eleito tinha sinalizado a manutenção da pasta da Indústria e Comércio separada.
"Ministério da Economia vai ter Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio", disse Onyx a jornalistas após reunião com Guedes e Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Guedes também confirmou após o encontro a união dos ministérios sob uma mesma pasta.
"No programa de governo, os três já estavam juntos. Ele foi criticado pelo setor industrial? Interessante isso”, emendou o economista Paulo Guedes
Guedes disse que o governo Bolsonaro salvará a indústria brasileira do processo de desindustrialização vivido nos últimos 30 anos, "apesar dos industriais brasileiros".
Onyx anunciou também que as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente também serão unificadas sob um único ministério, depois de Bolsonaro também ter afirmado que estaria aberto à sugestão de setores do agronegócio que defendiam a manutenção da separação das duas pastas. O futuro ministro-chefe da Casa Civil negou que Bolsonaro tenha recuado nos dois casos.
"O presidente não recuou em nada e o presidente desde o início tem claro que... Agricultura e Meio Ambiente (andarão) de mãos dadas", disse Onyx, acrescentando que a união desses dois ministérios já foi experimentada no Mato Grosso do Sul e em outros países.
PREVIDÊNCIA
Guedes disse ainda que a economia brasileira será aberta de forma gradual para evitar prejuízos e afirmou que a indústria brasileira será retomada com juros baixos e redução de impostos. Ele fez ainda a avaliação de que, do ponto de vista econômico, a reforma da Previdência já está atrasada e que quanto mais rápido ela for feita, melhor será.
Ele alertou, no entanto, que o futuro governo precisa fazer um cálculo político para avaliar a viabilidade da medida, apontada como crucial para equilibrar as contas públicas.
"Não queremos que uma vitória nas urnas se transforme numa confusão no Congresso, e se o Congresso não tiver condições de aprovar, não submetemos”, disse Guedes.
Após o encontro com o núcleo duro do futuro governo, incluindo Bolsonaro, na casa do empresário Paulo Marinho, o economista afirmou que já tem em mente uma solução para o programa de subvenção ao diesel, mas ainda não houve tempo de discuti-la.
O programa atual se encerra em 31 de dezembro e o mero sinal de que haveria uma redução gradual antes do fim do programa provocou ameaças de uma nova greve dos caminhoneiros, após a categoria paralisar o país em maio.
Na segunda-feira a equipe de transição de Bolsonaro já começa a trabalhar em Brasília e, segundo Onyx, o presidente eleito deverá ir à capital na terça para se reunir com o presidente Michel Temer e tratar da transição.