Por Lisandra Paraguassu
WASHINGTON (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas nesta terça-feira pelo comentário que fez na véspera em entrevista à Fox News e reconheceu que se equivocou ao afirmar que a maioria dos imigrantes que vão para os Estados Unidos não têm boas intenções ao ingressarem no país.
Em entrevista coletiva em Washington, após se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro disse que boa parte dos imigrantes que vão para solo norte-americano tem sim boas intenções.
"Foi um equívoco meu. A maior parte tem boas intenções, a menor parte não tem. Foi um equívoco da minha parte, peço desculpas aí. Agora, tem muita gente que está de forma ilegal aqui e isso é uma questão de política interna deles, não é nossa", disse Bolsonaro do lado de fora da Blair House, onde está hospedado durante sua estadia na capital dos EUA.
"Me desculpe aí, mais uma vez o equívoco, o ato falho cometido ontem."
Na entrevista desta terça, Bolsonaro também disse que não discutiu em profundidade com Trump sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que os EUA querem que o Brasil deixe uma lista de beneficiados da OMC em troca do apoio norte-americano à entrada brasileira na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em entrevista ao lado de Bolsonaro após a reunião entre ambos, Trump disse que os EUA apoiam a entrada brasileira na OCDE.
"OCDE já é um desejo há algum tempo da classe empresarial, produtiva brasileira. Então ele realmente disse que estão prontos para nos apoiar e fazer com que o Brasil mude de patamar", disse o presidente.
Questionado sobre a situação na Venezuela, Bolsonaro disse que a diplomacia será usada em primeiro lugar e "até as últimas consequências" para resolver a crise política, econômica e social no país vizinho. Ele se recusou a comentar se tratou reservadamente com Trump sobre uma eventual ação militar na Venezuela.
O presidente lembrou ainda que a China, que atualmente trava uma guerra comercial com os EUA, é o principal parceiro comercial do Brasil e disse que visitará o país asiático no segundo semestre deste ano.
Na entrevista, Bolsonaro também defendeu o acordo firmado para que os Estados Unidos usem comercialmente a base de lançamentos de foguetes de Alcântara, no Maranhão, alegando que ela estava ociosa e que poderá gerar ganhos para o Brasil.
"A base de Alcântara para nós, no momento, está sendo ociosa. Pior, está sendo deficitária. A entrada deles ajuda que possamos catapultar a base. É vantajoso para nós", avaliou.
O presidente também saiu em defesa da decisão brasileira de isentar turistas norte-americanos de visto de entrada no Brasil, argumentando que a medida poderá aumentar os ganhos do setor de turismo no país.
"O visto, olha só, a gente não vê nenhum americano indo para o Brasil para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá. Há uma diferença. Alguém tem que ceder em primeiro lugar, estender as mãos em primeiro lugar. Fomos nós", comentou.