WASHINGTON (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no sábado que a interferência do presidente Jair Bolsonaro no reajuste do diesel pode ter sido motivada por preocupações com o efeito político da decisão, principalmente entre os caminhoneiros, categoria que quase parou o país em uma greve no ano passado.
Em Washington para uma série de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), Guedes negou ter falado com Bolsonaro sobre o assunto, mas reconheceu os impactos da atitude do presidente.
"O presidente já disse para vocês que ele não era um especialista em economia. Então é possível que alguma coisa tenha acontecido lá", disse o ministro a jornalistas.
"Ele ao mesmo tempo é preocupado com efeitos políticos, estavam falando em greve dos caminhoneiros, então é possível que ele esteja lá tentando manobrar com isso", ponderou.
Guedes acrescentou ainda ter certeza que qualquer atitude que não seja "muito razoável" do presidente pode ser solucionada com conversa.
"Uma conversa conserta tudo."
O ministro afirmou ainda estar focado nas reuniões em Washington com interlocutores do FMI e do Banco Mundial, além de presidentes de bancos centrais de outros países.
"Evidentemente que aparentemente já houve um efeito ruim lá fora, lá embaixo", admitiu, ainda que tenha negado que o tema tenha sido abordado nas conversas em Washington.
"Então eu estou preferindo trabalhar nos fronts onde eu consigo construir alguma coisa", afirmou.
Ao saber da decisão da Petrobras (SA:PETR4) de reajustar o diesel em 5,7 por cento, na semana passada, Bolsonaro telefonou ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pedindo um reajuste menor, de apenas 1 por cento. Castello Branco optou por cancelar o aumento previsto.