BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro condenou duramente em nota a volta à prisão dos líderes de oposição venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma, ocorrida na madrugada desta terça-feira e apontada por opositores como mais uma medida de repressão do governo do presidente Nicolás Maduro.
"A prisão de dois dos mais importantes opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro é mais uma demonstração da falta de respeito às liberdades individuais e ao devido processo legal, pilares essenciais do regime democrático. O Brasil insta o governo venezuelano a libertar imediatamente López e Ledezma", afirmou o texto distribuído pelo Itamaraty.
De acordo com informações passadas por familiares, López e Ledezma foram retirados de suas casas, onde cumpriam prisão domiciliar, no início da madrugada desta terça-feira.
As prisões aconteceram depois da eleição de domingo para a formação de uma Assembleia Constituinte convocada por Maduro para reformar a Constituição, em votação boicotada pela oposição.
A determinação do governo venezuelano em fazer a eleição foi tratada como uma tentativa de consolidar à força o poder de Maduro, em um momento em que o governo é acossado por protestos diários, e foi condenada por diversos países, inclusive o Brasil.
Em sua nota, o governo brasileiro destaca que a votação para a escolha de uma Constituinte foi feita em "franca violação da ordem constitucional venezuelana.
A Justiça venezuelana havia concedido no início de julho a prisão domiciliar a López, após mais de três anos em uma prisão militar acusado de instigar protestos contra o governo. Ledezma, preso em fevereiro de 2015, recebeu o benefício dois meses depois como medida humanitária.
A transferência de López para prisão domiciliar chegou a ser vista pelo Itamaraty como uma concessão do governo venezuelano que poderia dar margem para uma negociação entre os dois lados, mas a insistência de Maduro em realizar a Constituinte foi considerada uma demonstração que não havia espaços para avanços.
López e Ledezma divulgaram recentemente mensagens apoiando as manifestações contra o governo de Maduro. O presidente venezuelano, por sua vez, já havia ameaçado com novas prisões de líderes oposicionistas depois das eleições para a Assembleia Constituinte.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)