BRASÍLIA (Reuters) - O país perde a luta contra o mosquito transmissor da dengue, do Zika vírus e da chikungunya enquanto o inseto estiver se reproduzindo, disse a presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira, ao fazer um apelo pela mobilização em todo o país para combater o Aedes aegypti.
Questionada sobre a recente declaração do ministro da Saúde, Marcelo Castro, de que o Brasil estaria perdendo a guerra contra o Aedes aegypti, a presidente afirmou não ver problema em "constatar" uma realidade e pediu a mobilização de todos os setores da sociedade.
"Nós estamos perdendo a luta contra o mosquito porque enquanto o mosquito se reproduzir, todos nós estamos perdendo a luta contra o mosquito", disse Dilma após visita à Sala Nacional de Coordenação e Controle Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, em Brasília.
"Temos de nos mobilizar para ganhar a luta."
Para a presidente, é necessário mobilizar governos federal, estaduais e municipais, sindicatos, igrejas, agremiações, escolas, para impedir principalmente a proliferação do mosquito.
O Brasil está em alerta por causa da disseminação do Zika vírus, relacionado a cerca de 4 mil casos suspeitos de microcefalia em bebês recém-nascidos, a maioria concentrados na região Nordeste.
Em entrevista após a presidente, Castro disse que os produtores de repelentes se comprometeram não só a vender ao governo um lote a ser distribuído para gestantes cadastradas no Bolsa Família, como também a não deixar faltar o produto nas farmácias.
"Vamos adquirir, os produtores ainda vão produzir (o lote para o governo) e eles têm um compromisso conosco de não desabastecer as farmácias", disse Castro.
DEMORA
Ao comentar que vários setores do Executivo estão envolvidos na campanha contra o mosquito, Dilma garantiu que não haverá contingenciamento de verbas para o combate e prevenção das doenças. Também negou que o governo tenha demorado a agir, argumentando que é recente a constatação do Zika e da correlação com casos de microcefalia em recém-nascidos.
"Eu acho estranho ser muito tarde, porque recentemente que foi avaliado que essa seria uma doença", disse, indagada sobre possível atraso do governo para lidar com a questão.
"Agora é que se tornou um caso que não é só do Brasil, é da América Latina também, de outros países. Necessariamente nós estamos diante da possibilidade de haver uma situação internacional", afirmou a presidente, acrescentando que o sistema de saúde brasileiro, por meio de monitoramento e notificações, contribuiu para a "consciência" sobre o Zika e os casos de microcefalia.
Dilma comemorou ainda informação recebida do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de que na próxima segunda-feira serão iniciados testes de vacina contra a dengue no Estado.
(Reportagem de Leonardo Goy; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)