Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Trabalhadores de dezenas de categorias anunciaram adesão à greve geral convocada para sexta-feira contra as reformas trabalhista e da Previdência, anunciaram movimentos sindicais, que prometeram uma enorme paralisação nacional em protesto contra projetos considerados prioritários pelo governo do presidente Michel Temer.
Funcionários dos transportes públicos, portuários, aeroviários, professores, petroleiros, metalúrgicos e bancários, entre outros, estão entre aqueles que decidiram aderir ao movimento convocado pelas centrais sindicais contra as reformas em tramitação no Congresso, segundo as centrais.
Além das paralisações de diversas categorias também foram convocados protestos ao longo do dia em várias cidades do país, como um ato dos grevistas na praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e um protesto convocado pela Frente Brasil Popular e o movimento Povo Sem Medo no Largo da Batata, na capital paulista.
“Vai ser a maior greve da história do Brasil", disse à Reuters o deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força.
"O objetivo é equilibrar o jogo nessa questão das reformas. Precisamos fazer reformas mais equilibradas, acho que até hoje as reformas têm sido muito impostas pelo governo, então é preciso mostrar que os trabalhadores estão contra isso", acrescentou.
Os sindicalistas prometem uma paralisação em grande escala dos serviços de transporte público, o que pode gerar reflexos em diversos setores. Escolas particulares no Rio e em São Paulo, por exemplo, decidiram fechar as portas na sexta por preocupações com dificuldades no trânsito e também por questões de segurança.
Para tentar minimizar os impactos da paralisação, a prefeitura de São Paulo e o governo do Estado recorreram à Justiça e conseguiram pelo menos duas decisões favoráveis que determinam o funcionamento de ao menos um percentual do sistema de transporte coletivo, sob pena de multa em casos de descumprimento.
As paralisações vão ocorrer logo depois de a Câmara dos Deputados aprovar o projeto de reforma trabalhista que tem como eixo principal a prevalência dos acordos e negociações sobre a legislação vigente, e em meio à tramitação da reforma da Previdência.
As centrais sindicais protestam contra ambos os projetos, alegando que vão tirar direitos e prejudicar os trabalhadores, enquanto o governo defende que as duas reformas são fundamentais para a recuperação econômica do país, que enfrenta a pior recessão da história.
O Palácio do Planalto, preocupado com o tamanho que as manifestações de sexta-feira podem alcançar, vem monitorando a situação, especialmente através das redes sociais, e estuda cortar o ponto dos servidores federais que aderirem à greve geral, de acordo com fontes palacianas.
Na sexta-feira, a Esplanada dos Ministérios estará fechada. Nos últimos dias, a segurança na frente do Palácio do Planalto foi reforçada com mais grades que o normal, e a entrada para o estacionamento tem sido fechada com certa frequência. Temer deverá acompanhar as manifestações de Brasília.