Por Ben Blanchard e Christian Shepherd
PEQUIM (Reuters) - A China eliminou os limites para o mandato presidencial da sua Constituição neste domingo, dando ao presidente Xi Jinping o direito de permanecer no cargo indefinidamente e confirmando o seu status como o líder mais poderoso do país desde que Mao Zedong morreu, há mais de 40 anos.
O Partido Comunista no governo da China anunciou a proposta de alteração apenas no mês passado e nunca houve dúvidas de que seria aprovada, já que o parlamento está repleto de membros leais ao partido que não se opunham à proposta.
As alterações também incluem a inserção da teoria política de Xi na Constituição, algo que já foi adicionado ao estatuto do partido em outubro no final de um congresso, uma façanha que nenhum outro líder desde Mao havia conseguido enquanto estava no cargo. Além disso, foram incluídas cláusulas para dar um suporte legal a um novo super departamento anticorrupção.
Apenas dois votos "não" foram emitidos, com três abstenções, entre quase 3.000 deputados.
Os repórteres foram levados por um breve período ao Grande Salão do Povo, enquanto os deputados preenchiam suas cédulas, e puderam assistir os deputados depositando os votos, um por um, em grandes urnas vermelhas ao redor da sala.
Xi foi primeiro a votar, no pódio na frente do salão, seguido pelos outros seis membros da elite do comitê permanente do partido, que administra a China.
A salão explodiu em aplausos quando o resultado da votação foi aprovado, mas Xi não discursou no parlamento.
O limite de dois mandatos presidenciais de cinco anos foi incluído na Constituição da China em 1982, após seis anos da morte de Mao, por Deng Xiaoping, que reconheceu os perigos de um governo por um só homem e do culto da personalidade após o caos da Revolução Cultural e, em vez disso, adotou a liderança coletiva.
Falando mais tarde a repórteres, Shen Chunyao, presidente da Comissão Permanente dos Assuntos Legislativos do Comitê Permanente do Parlamento, rejeitou as preocupações de que a alteração poderia arriscar um retorno à regra do homem forte ou levar a turbulências políticas ou lutas internas.
"Quanto aos pressupostos, conjecturas e situações contidas na sua pergunta, acho que isso não existe", disse Shen.
Nas últimas nove décadas da história do partido, ele superou dificuldades e resolveu grandes problemas, incluindo transições de liderança com ordem, mantendo a vitalidade do partido e do país e a estabilidade a longo prazo, acrescentou.
"Nos quase 40 anos de reforma e abertura, estabelecemos, sustentamos e ampliamos o caminho de desenvolvimento político do socialismo com características chinesas", disse Shen.
"Então, seguindo em frente, a estrada em que estamos definitivamente será mais longa e mais larga, e o futuro mais e mais brilhante."