Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, vai aumentar o investimento na ideia de que pode ser a terceira via entre Jair Bolsonaro (PSL) e o PT, com Fernando Haddad, enquanto tenta tirar votos do petista e do tucano Geraldo Alckmin.
"O PT mais leve, aquele que não é fanático, pode ir para o Ciro para derrotar Bolsonaro. E o tucano sem plumagem, aquele de classe média, não tão convicto, pode ir para o Ciro para evitar os dois (Bolsonaro e Haddad), se tivermos competência para atrair esses votos", disse à Reuters o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Na pesquisa Datafolha divulgada na madrugada desta quinta-feira, Ciro se manteve com os mesmos 13 por cento de intenções de voto do levantamento anterior, enquanto Haddad oscilou 3 pontos para cima chegando a 16 por cento. Já na pesquisa Ibope divulgada terça-feira, Haddad saltou 11 pontos para 19 por cento, enquanto Ciro repetiu os 11 por cento anteriores.
Apesar de aparentemente ter parado de crescer nas pesquisas e não estar mais recebendo votos de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --o que parece ter acontecido nos primeiros levantamentos depois da impugnação da candidatura do ex-presidente-- Ciro é a segunda opção de votos de mais eleitores, principalmente dos que votam em Haddad e Marina, e aquele que venceria com mais facilidade Bolsonaro no segundo turno, de acordo com o Datafolha.
A campanha quer capitalizar essas duas possibilidades apelando para o eleitor que não quer Bolsonaro de jeito nenhum e para aquela que também não deseja o PT.
"O eleitor é muito sábio e ele começa a olhar de verdade para a eleição agora. Ciro consegue passar uma imagem de que é preparado, experiente. Acho que isso vai fazer diferença", disse Lupi.
"A ideia é não ser nem coxinha nem mortadela, mas rapadura, que é dura mas é doce."
Nos próximos dias, até o final de semana, o pedetista deve fazer campanha em alguns Estados do Nordeste que ainda não visitou, contou o presidente do partido. É um último esforço para tirar votos dirigidos a Lula e que estão indo para Haddad. Lá, deve reforçar o discurso de que tem mais chances que o petista de vencer Bolsonaro.
Mesmo sendo nordestino, Ciro tem tido dificuldades para captar muitos votos na região, onde Lula tinha, quando ainda candidato, mais da metade das intenções de voto em todos os Estados --a maior parte disso está sendo transferida para Haddad.
Na duas semanas seguintes, Ciro concentrará esforços no Sudeste, incluindo uma rápida passagem pelo Sul. No Sudeste, o PDT vê espaço para o candidato crescer, especialmente em cima de um voto útil retirado de Alckmin.
"É onde o PT tem maior rejeição e de onde pode sair mais votos desse tucano leve para evitar a eleição de Bolsonaro", argumentou Lupi.