SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse neste sábado que a rejeição do registro da candidatura ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixa a campanha mais clara, enquanto a candidata da Rede, Marina Silva, afirmou que, a partir de agora, a eleição seguirá os ritos legais.
De acordo com as pesquisas de intenção de voto, lideradas por Lula, Ciro e Marina são os candidatos que mais herdam votos do petista quando ele fica fora da disputa. O PT tem dito que insistirá até o fim na candidatura de Lula, mas o candidato a vice na chapa petista, Fernando Haddad, é o Plano B do partido e deverá assumir a cabeça de chapa.
Haddad, no entanto, ainda é desconhecido, especialmente na Região Nordeste, principal reduto eleitoral petista, e o desafio dele e do partido será vinculá-lo a Lula para garantir a transferência de votos do ex-presidente.
Em sua conta no Twitter (NYSE:TWTR), Ciro disse que a decisão do TSE, tomada em sessão que terminou na madrugada deste sábado, já era prevista, embora o pedetista tenha avaliado como injusta a condenação imposta a Lula que levou à rejeição de seu registro com base na Lei da Ficha Limpa.
"A decisão do TSE que tornou o ex-presidente Lula inelegível infelizmente já era prevista. Ainda que eu considere injusta sua condenação, a Lei da Ficha Limpa certamente impediria sua candidatura", escreveu Ciro na rede social.
"Compreendo a dor e o momento difícil por que passa o PT, mas entendo que a decisão neste momento tornará a campanha mais clara para os eleitores, evitando o trauma e a perplexidade de uma substituição na véspera da eleição", acrescentou.
Marina, por sua vez, destacou que, após a rejeição de Lula, a Justiça também precisa alcançar outros políticos envolvidos em escândalos e que têm prerrogativa de foro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"A partir desta decisão do TSE, o processo eleitoral poderá prosseguir de acordo com os ritos legais. Porém, a Justiça ainda precisa alcançar todos aqueles que cometeram crimes e que estão protegidos pelo manto da impunidade do foro privilegiado", afirmou a candidata da Rede também pelo Twitter.
Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) a 12 anos e 1 mês de prisão pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele está preso desde abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O TSE decidiu, por 6 votos a 1, rejeitar o registro da candidatura de Lula, com base na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgãos colegiados da Justiça.
Lula nega quaisquer irregularidades. Ele e o PT afirmam que existe um processo de perseguição política, promovido por setores da imprensa, do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, para impedir a candidatura de Lula.
(Por Eduardo Simões)