Por Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - Políticos conservadores alemães do primeiro escalão aumentaram nesta terça-feira a pressão para que Wolfgang Schaeuble deixe o Ministério das Finanças e imponha sua autoridade como presidente do próximo Parlamento da Alemanha, que incluirá um grande bloco de membros da extrema-direita.
Schaeuble comanda o Ministério das Finanças desde 2009, mas a eleição de domingo, na qual os conservadores da chanceler alemã, Angela Merkel, perderam terreno para a extrema-direita e se viram obrigados a buscar uma coalizão inédita, despertou dúvidas sobre sua capacidade de manter o cargo.
A função é cobiçada em particular pelo Partido Democrático Liberal (FDP), legenda pró-empresariado cujo apoio Merkel provavelmente necessitará, assim como o dos Verdes, para formar um governo de coalizão.
O tom do novo Parlamento também deve se tornar mais beligerante devido à presença do partido Alternativa para Alemanha (AfD), que chocou o establishment no domingo ao se tornar o primeiro partido de extrema-direita a ganhar vagas na legislatura alemã em mais de meio século.
Um membro do comitê executivo da União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, disse que, se Schaeuble se tornar presidente do Parlamento, isso seria "muito importante -- por causa do AfD e do clima no Parlamento".
Guenther Oettinger, comissário de orçamento da União Europeia e conservador da mesma região de Schaeuble, disse ao jornal Stuttgarter Zeitung que o ministro seria o candidato "ideal" para o posto.
Schaeuble se recusou a discutir seu futuro após a eleição, só expressando seu desejo de continuar na política.
A nova câmara baixa, o Bundestag, tem até o dia 24 de outubro para se reunir, e o novo presidente do Parlamento precisa ser escolhido até esta ocasião.
O atual presidente do Parlamento, Norbert Lammert, da CDU, não concorrerá à reeleição. O presidente do Bundestag não pode comandar um ministério simultaneamente.
O bloco conservador de Merkel continua sendo o maior grupo na câmara baixa após a votação de domingo, mas parece incapaz de reeditar sua aliança atual com os sociais-democratas, tornando uma coalizão com o FDP e os Verdes a única opção prática.
Ficar com o Ministério das Finanças daria ao FDP a chance de cortar impostos e ainda se opor ao tipo de integração maior da zona do euro.