RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificou como normais e um exercício da democracia os protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff no domingo em várias cidades brasileiras e garantiu que as manifestações não vão determinar o trabalho da Casa daqui para frente.
"A agenda que existe é a que sai da pauta da Câmara. Não sou dono da pauta e qualquer proposta que vier, que for para o bem do país, seguindo o trâmite regimental, será bem-vinda", disse ele a jornalistas nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.
O presidente da Câmara destacou o caráter "ordeiro e pacífico" das manifestações e disse acreditar que mais protestos desse tipo devem acontecer no futuro.
"A gente louva a democracia", afirmou ele após participar de um encontro da bancada federal do Rio com o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Dezenas de milhares de pessoas protestaram nas ruas de várias cidades do país no domingo pedindo o impeachment de Dilma e com palavras de ordem contra o PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a corrupção e de apoio ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras (SA:PETR4). [nL1N10R0JE]
Cunha, que rompeu com o Executivo e foi para a oposição depois que um delator da Lava Jato o acusou de ter pedido pessoalmente o pagamento de propina, foi pouco citado nas manifestações.
O presidente da Câmara agiu com naturalidade ao fato de ter sido "esquecido" pelos manifestantes de todo o país. "Todo brasileiro tem sempre que aplaudir as manifestações que foram ordeiras e pacíficas", declarou ele. "Manifestação, se for ordeira, pode fazer até contra mim", completou.
Cunha, a quem cabe como presidente da Câmara decidir dar andamento ou não a um pedido de impeachment, disse que depois de mais um protesto com caráter nacional --o terceiro desde março--, cada político tem que fazer a sua própria avaliação sobre eventuais impactos de imagem e que respostas deve dar à sociedade.
"Para mim não tem nem alívio nem preocupação. Cada um tem que dar a sua resposta. Como presidente da Câmara tenho que tocar a vida como ela tem que ser... cada um tem fazer a sua avaliação em seu campo de atuação", afirmou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)