BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta quinta-feira que tenha feito ou esteja negociando qualquer acordo com o governo ou com a oposição sobre um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Cunha confirmou que conversou nesta semana e na passada com o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, mas disse que nenhum acordo foi proposto nessas conversas.
"Eu conversar com um ministro significa que tem de ter uma proposta de acordo?", questionou Cunha. "O governo não veio me procurar para debater o texto do pedido de impeachment em nenhum momento. Isso não existe", disse a jornalistas.
Sobre o rebaixamento do rating do Brasil nesta manhã pela agência de classificação de risco Fitch, Cunha disse que é importante que todos façam sua parte e que o principal agente para isso é o governo.
O deputado ressaltou que o rebaixamento afeta a economia do país. "É ruim o rebaixamento. Tem consequências. Vai aumentar o custo de captação, dinheiro vai sair e pode ter alteração na taxa de câmbio", disse.
Segundo Cunha, a instabilidade política pode ser uma das causas do rebaixamento, mas ele avalia que o próprio governo tem responsabilidade por esta situação.
"Quando o governo manda propostas inexequíveis para cobrir o déficit orçamentário, como a recriação da CPMF, ele sinaliza que, diante do quadro político que tem, de não ter maioria na Casa para aprovar uma CPMF, é óbvio que o governo contribui com o conceito da instabilidade política", disse.
Cunha disse que outro fato que contribui para a instabilidade política é o fato de as discussões sobre um eventual impeachment da presidente estar dominando o debate político.
"Ao mesmo tempo, quando você fica falando de processo de impeachment o tempo inteiro e o próprio governo só fala de processo de impeachment e isso fica na pauta como o único assunto político, é claro que isso também aumenta a instabilidade política", disse.
(Reportagem de Leonardo Goy)