Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da mesa da Câmara, defendeu nesta quinta-feira a renúncia do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-SP), em mais uma defesa pública de um aliado pela saída definitiva dele do comando da Casa.
“Não dá para a Câmara continuar sangrando. Eu defendo que ele renuncie. Na segunda-feira faz 50 dias do seu afastamento. A Câmara está acéfala, chegou-se a um limite”, afirmou Mansur.
Pouco depois de Mansur declarar sua expectativa pela renúncia, Cunha garantiu mais uma vez, por meio de sua conta no Twitter, que não renuncia. “Não tenho porta-voz. Eu sempre falei diretamente as minhas posições e nunca me utilizei de porta-voz. E mais uma vez reafirmo que não irei renunciar”, escreveu.
Há 10 dias, outro aliado, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) esteve com o presidente afastado e também sugeriu que ele renunciasse, para “distensionar o ambiente”.
Um parlamentar muito próximo a Cunha chegou a afirmar à Reuters que, na sua avaliação, a possibilidade de renúncia, inclusive ao mandato, aumentara e depende do resultado do recurso de Cunha à Comissão de Constituição e Justiça.
“A minha avaliação é que, se ele perder na CCJ, renuncia antes do processo de cassação ir para plenário”, disse. A CCJ analisa no dia 6 de julho o recurso de Cunha.
O parlamentar avaliou, no entanto, que a renúncia à presidência da Casa para tentar salvar o mandato –uma estratégia que está sendo analisada pelo presidente afastado– não teria mais efeito.
Uma fonte palaciana confirmou à Reuters que Cunha conversou sobre a estratégia com o presidente interino Michel Temer, em uma visita na noite de segunda-feira, e que o deputado trabalha agora para conseguir um nome para substituí-lo que não lhe seja “hostil”. De acordo com a fonte, o Planalto não vai interferir, desde que haja consenso na base para a substituição.