(Reuters) - A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de nova etapa da operação Lava Jato deflagrada nesta quinta-feira, negou que o parlamentar tenha recebido recursos irregulares do empresário Joesley Batista e disse que Aécio é vítima de uma "farsa" montada nos interesses de uma delação premiada do executivo da JBS (SA:JBSS3).
O advogado José Eduardo Alckmin, que representa o senador, disse em nota que a reunião de Aécio com Joesley foi "exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas" e que o dinheiro pedido pelo senador para cobrir custos de sua defesa não impunha qualquer contrapartida.
O senador foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS. A revelação foi feita pelo jornal O Globo na quarta-feira e confirmada à Reuters por três fontes. [nL2N1IK04L]
"Foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que mesmo remotamente possa ser considerado ilegal ou mesmo que tenha qualquer relação com o setor público", disse o advogado em nota.
"O senador Aécio Neves lamenta profundamente versões que têm sido divulgadas sobre o caso e, com serenidade e firmeza, vai demonstrar a correção de suas ações e de seus familiares, e a farsa de que foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada e criminosa, induzindo as conversas para alcançar seus objetivos de obter os benefícios da delação", acrescentou.
Aécio, que é presidente do PSDB, foi afastado nesta quinta-feira do mandato de senador por decisão do ministro relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, e teve um pedido de prisão apresentado pela Procuradoria-Geral da República, mas negado pelo ministro, no âmbito de inquérito que tramita no STF a partir de novas provas obtidas na investigação. [nL2N1IK0FQ]
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)