SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A definição do novo cenário para as contas públicas de 2015 pelo governo está cada vez mais complicada, diante de novas variáveis que surgiram, como o adiamento do leilão de hidrelétricas, mas o rombo primário deve ficar em torno de 85 bilhões e 90 bilhões de reais, segundo fontes do governo ouvidas pela Reuters.
O número representa cerca de 50 bilhões de reais de déficit primário, e o restante refere-se ao acerto das chamadas pedaladas fiscais, que são os atrasos dos pagamentos do governo a bancos públicos que bancaram programas sociais.
Segundo uma das fontes, a decisão está confusa, entre outros motivos, por causa do leilão de hidrelétricas, que estava marcado para acontecer no próximo dia 6 e poderia gerar 11 bilhões de reais aos cofres públicos neste ano. O leilão, segundo informou nesta manhã o Ministério de Minas e Energia, ocorrerá ainda em novembro, e o pagamento da maior parte do valor será feito neste ano.
O Executivo reduziu em julho a meta de superávit primário do setor público consolidado --economia feita pela pagamento dos juros da dívida pública-- para este ano a 8,7 bilhões de reais, ou o equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas incluiu a possibilidade de abatimento de até 26,4 bilhões de reais no caso de frustrações de receitas.
Isso, na prática, já abria o caminho para um déficit de até 17,7 bilhões de reais, mas o Executivo ainda não recebeu o aval do Congresso Nacional.
Segundo uma das fontes, a definição do novo rombo para este ano ainda pode demorar mais do que o esperado, diante da sinalização de que poderia ocorrer ainda nesta semana, uma vez que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está fora de Brasília até o dia 20, em viagem a São Paulo e Londres.
O próximo relatório de receitas e despesas do governo, quando há ajustes na programação fiscal, tem de ser publicado até o dia 22 de novembro.
(Por Patrícia Duarte e Alonso Soto)