Por Andy Sullivan
WASHINGTON (Reuters) - Eleitores relataram longas filas, equipamentos não funcionando direito e casos isolados de assédio em locais de votação no pleito presidencial norte-americano desta terça-feira, ao mesmo tempo que os temores de problemas maiores pareciam não se concretizar.
Grupos de direitos civis afirmaram que estavam recebendo reclamações por causa de comportamento intimidatório em postos de votação na Pensilvânia e na Flórida, à medida que simpatizantes do candidato republicano a presidente, Donald Trump, e da candidata democrata, Hillary Clinton, registravam os seus votos.
Contudo, uma fonte do Partido Democrata disse que a campanha de Hillary não estava encontrando problemas sistêmicos além dos contratempos comuns de um dia de eleição.
Trump processou a autoridade responsável por registrar eleitores no condado de Clark, em Nevada, alegando que um posto de votação em Las Vegas havia de forma imprópria permanecido aberto na semana passada para acomodar pessoas que faziam fila para votar. Mas uma juíza de Nevada rejeitou o pedido da campanha republicana. Nevada é um dos vários Estados que permitiram a votação antecipada.
Trump várias vezes disse que as eleições seriam “manipuladas”, mas não forneceu evidências nesse sentido. Ele pediu aos seus simpatizantes para ficarem atentos a sinais de fraude em áreas urbanas, levantando temores que eles poderiam intimidar eleitores de minorias. Vários estudos constatam que fraude eleitoral é algo raro nos EUA.
A expectativa é que dezenas de milhões de eleitores votem e assim concluam o que foi uma campanha presidencial feroz, que durou quase dois anos.
O governo federal reduziu o seu programa de monitoramento eleitoral depois de uma decisão da Suprema Corte em 2013 que enfraqueceu a supervisão federal dos Estados com uma história de discriminação racial. Legislações eleitorais revistas e longas batalhas judiciais em muitos Estados também deixaram votantes sem saber ao certo quando e onde votar e se precisavam apresentar identificação com fotografia.
Grupos de direitos civis, que reuniram 7 mil voluntários, disseram que eles responderam 20 mil chamadas para uma linha telefônica especial até o início da tarde.
Quase metade dessas reclamações foi relacionada a postos de votação que não abriram no horário ou máquinas de votação não funcionando da forma devida, disse Kristen Clarke, presidente do Comitê de Advogados para os Direitos Civis. Cerca de 28 por cento das chamadas foram de pessoas que haviam descoberto que não estavam registradas para votar.
Alguns telefonaram, no entanto, para denunciar assédio, declarou ela.
"O que estamos notando é um pequeno aumento no número de casos de intimidação de eleitores e de assédio a eleitores”, comparado com as últimas eleições presidenciais em 2012, afirmou ela.
No condado de Broward, na Flórida, dois atendentes eleitorais num posto de votação foram dispensados depois de uma desavença entre eles sobre como lidar com reclamações de intimidação, disse a imprensa local.
Em Jacksonville, na Flórida, um homem teria se recusado a deixar o centro eleitoral depois de receber orientação nesse sentido.
Mais da metade das reclamações de intimidação de eleitores estava vindo da Pensilvânia, onde pessoas que trabalham na eleição, segundo relatos, perguntavam a votantes sobre o candidato que eles apoiam, e votantes esperando na fila gritavam um com o outro, declarou Karen Flynn, presidente do grupo Common Cause (Causa Comum).
O gabinete do procurador distrital da Filadélfia, que monitora a votação na maior cidade do Estado, afirmou via Twitter que não estava recebendo nenhuma reclamação fora do comum.
O condado de Durham, na Carolina do Norte, decidiu adiar o horário de encerramento da votação para às 20h30 depois de problemas de informática.
(Reportagem adicional de Mark Hosenball, Julia Harte e David Ingram)