Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil de seu governo e classificou de "especulações" as informações de que a chegada de Lula traria mudanças na política e na equipe econômica.
Dilma ressaltou, em breve entrevista, que o ex-presidente Lula tem "grande compromisso" com a estabilidade fiscal e com o controle da inflação, e negou que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vá sair do governo, assim como o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
“Essa é outra especulação que não se admite, porque cria turbulência na economia. Nem o ministro Nelson Barbosa nem o ministro Tombini levantaram qualquer coisa no sentido de saírem do governo. Estão os dois mais dentro do que nunca do governo”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.
A presidente chamou a entrevista comunicar pessoalmente a mudança do ministério, com a nomeação de Lula para a Casa Civil, em substituição de Jaques Wagner, que irá para a chefia de seu gabinete, e a confirmação do peemedebista Mauro Lopes para a Secretaria de Aviação Civil.
No entanto, os rumores de que outras mudanças poderiam vir, como a saída de Tombini, e as avaliações de que Lula seria menos afeito ao ajuste fiscal levaram Dilma a falar.
“Queria dizer que o ex-presidente Lula tem uma trajetória que eu reputo muito expressiva de compromisso com estabilidade fiscal e controle da inflação, compromisso que não é retórico e se expressa em uma situação muito significativa que foram os oito anos ao longo do governo dele”, disse a presidente.
“Que história é essa que não tem compromisso com estabilidade fiscal? Tudo é admissível, mas tem coisas que estão um pouco acima dos limites da especulação.”
Dilma negou ainda que o governo analisa o uso das reservas internacionais para investimentos, como sugere parte do PT, mesmo admitindo que possam ser usadas, em algum momento, para abater a dívida pública federal.
“Nós construímos essas reservas a duras penas. Sabemos o papel que desempenha na proteção do país contra flutuações externas. Nós jamais teremos uma pauta de uso dessas reservas para algo que não seja proteção do país contra flutuações internacionais”, disse a presidente.
“As reservas podem ter um papel em relação à dívida, mas elas não são a forma adequada de se solucionar questões de investimento. Portanto, as especulações que existem quanto a esse fato do uso das reservas, são isso: especulações”.
Dilma negou ainda, e mostrou certa irritação com a pergunta, que Lula tenha sido nomeado para fugir do julgamento do juiz Sérgio Moro, em primeira instância, no âmbito da operação Lava Jato. A presidente chegou a acusar a oposição de estar levantando dúvidas sobre o Supremo Tribunal Federal, para onde irão agora todas as investigações sobre o ex-presidente.
“Por trás de uma afirmação dessa, tem, sobretudo, uma suspeita do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, o Supremo Tribunal Federal não é uma Justiça que pode punir, que pode investigar, mandar investigar e absolver? É. É uma Justiça até, é a maior, é a Suprema Corte do país. Então, por trás dessa afirmação de que seria 'se esconder', estaria uma desconfiança da Suprema Corte do País? É isso que as oposições querem colocar? Por quê?”, disse.
“A troco de que eu vou achar que a investigação do juiz Sérgio Moro é melhor do que a investigação do Supremo? Isso é uma inversão de hierarquia, me desculpa, eu não posso acrescentar mais nada a uma resposta dessas.”