BRASÍLIA (Reuters) - A presidente afastada Dilma Rousseff disse a senadores, nesta segunda-feira, que não mentiu durante a campanha eleitoral à reeleição em 2014.
Questionada pelo senador Magno Malta(PR-ES) se teria faltado com a verdade no período eleitoral quando afirmava, segundo o parlamentar, que não haveria necessidade de aumento de juros e que a inflação estava sob controle.
"Eu não menti no processo eleitoral", disse a presidente ao senador, apontando como um dos motivos para a piora da economia brasileira a decisão dos Estados Unidos de reduzir a expansão de política monetária, trazendo "uma das maiores" desvalorizações do real.
"Não temos uma bola de cristal para antecipar a realidade", afirmou.
Dilma ponderou ainda que não se trata de uma relação de "verdade ou mentira", mas que uma questão relacionada a estimativas, argumentando que até mesmo o mercado errou suas projeções econômicas.
Antes, quando respondia à senadora Lídice da Mata (PSB-BA), Dilma também creditou parte da crise no país à atitude do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao grupo parlamentar agrupado pelo parlamentar que teria promovido um "boicote" ao governo.
"O deputado Eduardo Cunha ele, de fato, promoveu um grande rombo na nossa capacidade de superação da crise", afirmou, acrescentando que a partir de 2016 a Câmara deixou de aprovar os projetos de interesse do governo.
"Se isso não é um dos maiores boicotes que se tem notícia na história do Brasil, eu não sei o que é."
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Marcela Ayres)