BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que o país passa por um momento de ajuste fiscal necessário para recuperar a força da economia, mas garantiu que as políticas e programas sociais serão mantidos.
"Mesmo determinados a fazer essa reorganização na nossa economia, não vamos abrir mão das políticas que estão mudando o Brasil", disse a presidente na abertura da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Em seu discurso, a presidente afirmou ainda que as medidas fiscais que estão sendo adotadas visam a encurtar o período de crise, fazer o país voltar a crescer e gerar novas oportunidades.
Uma vez mais, como já havia feito na semana passada, a presidente assegurou que o principal programa de seu governo, o Bolsa Família, não será reduzido e continua sendo pago pontualmente --além de garantir que programas como o incentivo à agricultura familiar também serão preservados.
"Nenhum passo atras será dado nessa trajetória. Daremos continuidade e avançaremos sem qualquer recuo em todos as ações que garantem que os brasileiros vivam livres da fome", afirmou.
Há cerca de duas semanas, o relator da Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), declarou que pretendia incluir um corte de 10 bilhões de reais no Bolsa Família. Apesar da resistência do governo e mesmo da oposição, Barros reafirmou, na semana passada, que pretende manter o corte.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, essa redução obrigaria a cortar cerca de 30 por cento das famílias que estão no programa. Barros alega que seria possível apenas não repor aquelas que forem saindo do Bolsa Família.
Durante a abertura da conferência, Dilma fez questão de lembrar todos os programas do governo que ajudaram o país a sair do mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2013 e, mesmo sem citar diretamente o governo de Fernando Henrique Cardoso, não deixou de alfinetar o ex-presidente tucano.
Lembrou que em 1994, ano da primeira conferência, as ações eram lideradas pela sociedade civil e faltava engajamento do Estado. "A sociedade civil estava mobilizada, a Pastoral da Criança fazia um trabalho de muito sucesso. Faltava o engajamento efetivo do Estado", disse.
"Hoje vivendo esse momento histórico da 5ª conferência parece difícil acreditar que um país com tanta capacidade de produzir alimentos tenha convidido com tanta fome."
Em um auditório com cerca de 1,5 mil pessoas, Dilma reviveu alguns momentos de popularidade. A plateia, amplamente favorável, aplaudiu a presidente de pé. Ao final, Dilma retribuiu, tirou fotos, beijou e abraçou as pessoas.
(Por Lisandra Paraguassu)