Money Times - O mercado financeiro deve começar a agir como se o segundo turno no Brasil já tivesse começado após a publicação da última pesquisa eleitoral do Ibope na noite de terça-feira (18). Jair Bolsonaro (PSL) subiu de 26% para 28% e Fernando Haddad disparou de 8% para 19% e se isolou na segunda posição. Ciro Gomes ficou estacionado em 11%.
“A polarização Bolsonaro e Haddad chegou antes do segundo turno”, avalia a MCM Consultores em uma análise publicada esta manhã.
O levantamento mostra um embate acirrado para o segundo turno mais provável. No confronto entre os dois, o petista subiu de 36%, na semana passada (11), para 40%. É o mesmo percentual do deputado federal, que se manteve estável. Com números assim, não é só o investidor que ficará de olho no segundo turno, mas também as equipes de cada um dos candidatos.
A corretora H.Commcor ressalta que o cenário “consolida ainda mais as apostas de um segundo turno de extremos”, diz a agência em uma análise. “Nosso time político destaca que o PT deve apresentar a ideia de ‘todos contra o risco à democracia’ e Bolsonaro ‘todos contra a volta do PT’”, destaca a XP Investimentos em um relatório divulgado nesta manhã.
O maior desafio encontrado por ambas candidaturas é o crescimento da rejeição. Ou seja, quando os eleitores são questionados sobre quais candidatos eles não votariam “de jeito nenhum”, Bolsonaro marcou um crescimento de 41% para 42% e Haddad de 23% para 29%.
“Enquanto, a taxa de rejeição de Haddad, previsivelmente, está subindo rápido, é possível que permaneça abaixo da de Bolsonaro, o que, a princípio, lhe dá algum favoritismo no segundo turno. No entanto, no segundo turno, Lula e PT irão pesar mais claramente contra Haddad”, projeta a MCM.
Já a LCA consultores entende que o desafio para Haddad e Bolsonaro a partir de agora é caminhar para o centro. “Quem conseguir moderar rejeição e a desconfiança dos eleitores que permanecerão com Alckmin e com o trio de semi nanicos ganhará a eleição. Os eleitores remanescentes de Ciro e Marina Silva devem, em grande maioria, migrar para Haddad no segundo turno”, indica em uma avaliação.
Nesta caminhada, Haddad parece ter saído na frente. “Primeiro, o petista está claramente colocando de lado o economista Marcio Pochmann, um heterodoxo convicto, que é contra o sistema financeiro, a favor do uso das reservas internacionais e contra privatizações. Segundo, existe a chance do recrutamento de um economista de perfil mais ortodoxo”, lembra a Guide Investimentos. Já se fala em Marcos Lisboa.
A equipe de análise vê Haddad tentando um aceno duplo, um para o mercado e outro para o eleitor que não está nos extremos polares dessa eleição. “Bolsonaro já vem fazendo isso e deve também intensificar”, avaliam.
Ainda assim, chama a atenção a declaração à Folha de Paulo Guedes, o provável ministro da Fazenda de Bolsonaro, que propõe a criação de um imposto semelhante à CPMF e a aplicação de imposto de renda de 20% sobre distribuição de lucros e dividendos. Na manhã de hoje, Jair Bolsonaro, ainda no hospital Albert Einstein, protestou contra a ideia de aumento na carga tributária.
“Nossa equipe econômica trabalha para redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações. Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente. Esse é o Brasil que queremos!”, disse o candidato ao contradizer a sua própria equipe. Não há mais espaço para escorregões, o segundo turno já começou.