CIDADE DA GUATEMALA (Reuters) - Ainda chocados com o escândalo de corrupção que derrubou o presidente três dia atrás, os guatemaltecos votaram neste domingo para eleger um novo líder, e a disputa apertada provavelmente será decidida em um segundo turno.
Otto Pérez renunciou à presidência na quinta-feira e foi preso enquanto um juiz estuda se o acusa de extorsão. O caso derrubou seu governo e mergulhou o país centro-americano em sua pior crise política em décadas.
A revolta dos eleitores com a corrupção ajudou um comediante pouco conhecido a crescer nas pesquisas de opinião, sendo que os três principais concorrentes prometeram reprimir os crimes de colarinho branco depois das manifestações em massa nas ruas.
"Em que votei? Ninguém, porque são todos ladrões", disse o engenheiro David Garcia, de 58 anos, ao sair da seção eleitoral de uma escola da Cidade da Guatemala depois de votar em branco. "Preferia convidá-los a ir à minha casa roubar tudo que tenho do que votar neles."
Os levantamentos na véspera da votação deste domingo mostravam Jimmy Morales, comediante de inclinação centrista de 46 anos cujo slogan "nem corrupto, nem ladrão" ecoou junto a eleitores desencantados, empatado com o favorito inicial, Manuel Baldizón, empresário conservador de 45 anos.
Depois de manter uma dianteira considerável em relação a Morales durante meses, Baldizón ficou com 23 por cento de apoio na reta final, pouco atrás dos 25 por cento de Morales.
Embora este último não tenha apresentado um programa político claro, ele se comprometeu a combater a pobreza melhorando o sistema educacional e descentralizando o orçamento e os poderes do governo.
Se, como esperado, nenhum candidato obtiver mais de 50 por cento de votos dos 7,5 milhões de eleitores registrados da Guatemala, os dois melhores colocados irão se enfrentar novamente em um segundo turno no dia 25 de outubro.
(Por Alexandra Alper e Enrique Pretel)