BRASÍLIA (Reuters) - Em defesa apresentada nesta quarta-feira à Câmara, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, rebateu a denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República que o acusa de organização criminosa e conclamou os deputados a enfrentarem o "excesso e falta de respeito" institucional da Procuradoria-Geral da República.
"Enfim, cabe a esta Casa enfrentar o excesso e a falta de respeito institucional que uma denúncia absolutamente inepta representa na relação entre Poderes e Instituições da República", defendeu o ministro, no documento entregue à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Padilha foi denunciado juntamente com o presidente Michel Temer e outros integrantes do PMDB por organização criminosa. Temer também foi denunciado por obstrução de Justiça. O presidente e o também ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, devem entregar sua defesa nesta tarde.
O chefe da Casa Civil faz uma crítica ao que considera como um dos mais perceptíveis vícios que permeiam a operação Lava Jato, o "etiquetamento negativo e genérico da classe política brasileira". Segundo ele, isso obscurece as inegáveis vitórias alcançadas pela operação em seu breve desenrolar histórico.
Segundo o ministro, a denúncia não apresenta nada que o relacione a ilícitos na Lava Jato, como atos de corrupção, desvio de valores públicos, fraude em licitações e lavagem de dinheiro, assim como nenhum relator afirmou, nem mesmo indiretamente, que houve exigência de propina em algum momento.
"Com a devida vênia, o que se percebe é que, se em quase trezentas folhas de denúncia as questões acima não foram respondidas, vale o ditado: quem muito fala, nada tem a dizer", atacou.
O ministro criticou o uso das delações na denúncia e citou o fato de ser vinculado a dois apelidos, por delatores da J&F. Ele também afirmou que há uma suspeita de que houve uma colaboração "extremamente seletiva" para se fazer uma denúncia às pressas.
Padilha pede que os deputados rejeitem admitir o julgamento da denúncia.
Após a entrega da defesa pelos denunciados, a CCJ terá cinco sessões para instruir o processo e colocar em votação o pedido sobre se autoriza ou não o Supremo Tribunal Federal a julgar Temer, Padilha e Moreira Franco.
(Reportagem de Ricardo Brito)