Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido pode ter um novo primeiro-ministro até o início de setembro, disse nesta segunda-feira o governista Partido Conservador, depois que o premiê David Cameron começou a estabelecer as bases para seu sucessor oficializar a saída do país da União Europeia.
O governo está sob pressão para preencher o vácuo deixado pelo anúncio de Cameron de que irá renunciar até outubro, após os britânicos ignorarem seus alertas e decidirem deixar o bloco de 28 membros em um referendo na semana passada.
Dando início a uma batalha pela liderança que pode envolver alguns de seus assessores mais próximos, Cameron fez um apelo aos ministros para trabalharem juntos enquanto não houver a troca de governo.
Mas ele também criou uma unidade separada, formada por servidores públicos, para ajudar a aconselhar o Reino Unido em sua saída e sobre suas opções para um futuro fora da UE.
"Apesar de sair da UE não ser o caminho que eu recomendei, sou o primeiro a exaltar nossas forças incríveis como um país", disse Cameron ao Parlamento.
"À medida que prosseguimos com a implementação dessa decisão, e enfrentando os desafios que ela sem dúvida trará, acredito que devemos nos firmar rapidamente na visão de um Reino Unido que quer ser respeitado fora, tolerante em casa, engajado com o mundo", acrescentou.
Perguntado sobre a possibilidade de um segundo referendo sobre a permanência na UE, Cameron disse que o resultado da votação de quinta-feira precisa ser respeitado.
Graham Brady, presidente do comitê de parlamentares conservadores que estabelece as regras básicas do partido no Parlamento, disse que o grupo recomendou que a disputa pela liderança seja iniciada na próxima semana e concluída no máximo até 2 de setembro.
A recomendação tem enorme probabilidade de ser aprovada.
Todos os olhos estão voltados para o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, o principal líder da campanha pela saída do Reino Unido da UE e atualmente o favorito para suceder Cameron nas casas de apostas.
Mas nem todos os membros do partido o apoiam e muitos pressionam por "Qualquer um menos Boris", apontando sua decisão de apoiar a saída da UE como uma traição a seu ex-aliado Cameron, de acordo com reportagens publicadas na mídia britânica.
Um porta-voz de Cameron disse que o atual primeiro-ministro não irá declarar apoio a nenhum candidato para sucedê-lo.
(Reportagem adicional de William James)