SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, vinculou o adversário do PSL, Jair Bolsonaro, e o PT ao risco "real" de o Brasil se tornar "uma nova Venezuela", país que tem sofrido com uma grave crise econômica e social e onde "a democracia morreu", de acordo com o programa tucano veiculado na internet e que será exibido na propaganda eleitoral na noite desta quinta-feira.
O programa do presidenciável do PSDB faz duros ataques a Bolsonaro e ao PT, este centrado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citar o candidato petista, Fernando Haddad.
O próprio Alckmin aparece no vídeo chamando Bolsonaro de "um despreparado" e de "uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo", lembrando matérias na imprensa em que o candidato do PSL elogia o ex-líder venezuelano Hugo Chávez, em entrevista em 1999, e uma reportagem que afirma que ele elogiou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
Antes de falar da Venezuela, o programa de Alckmin também centra ataques na proposta atribuída ao economista Paulo Guedes, coordenador econômico de Bolsonaro, de criar um imposto nos moldes da CPMF e de criar uma alíquota única de Imposto de Renda, de 20 por cento.
"Bolsonaro já disse que não entende nada de economia. Ele também já disse que quem vai comandar a economia do Brasil é um banqueiro milionário, Paulo Guedes. O banqueiro já disse o que pretende fazer: menos imposto para os ricos, mais impostos para os pobres. Isso mesmo, com o economista do Bolsonaro, pobre vai pagar mais imposto", afirma um narrador.
"Se Bolsonaro for eleito, prepare o seu bolso", conclui.
Na noite de quarta-feira, no entanto, Bolsonaro foi ao Twitter (NYSE:TWTR) para negar a notícia de que recriaria a CPMF. [nL2N1W600Q]
Sobre o PT e a Venezuela, Alckmin acusa o partido rival de ser "radical e extremista", de apoiar "o regime ditatorial que levou a Venezuela ao desastre", de desejar o fim da Lava Jato e de deixar para o país "o desastroso legado de Dilma e Temer".
"Talvez esse seja um dos momentos mais delicados da nossa democracia. O risco do Brasil se tornar uma nova Venezuela é real, a partir dos extremismos que estão colocados nesta eleição", afirma Alckmin, depois de narradores afirmarem que a Venezuela tem muitas semelhanças com o Brasil, mas que errou eleitoralmente ao eleger Chávez que, de acordo com o programa do tucano, se apresentava como um "salvador da pátria".
O programa mostra ainda o depoimento de uma refugiada venezuelana pedindo que os eleitores brasileiros não acreditem em salvadores da pátria.
"É muito triste ver o que um voto errado pode fazer com o país. Mais triste ainda é saber que aqui no Brasil o homem que deu início à destruição daquele país, Hugo Chávez, tem dois fãs bastante conhecidos", afirma uma narradora.
LADOS DA MESMA MOEDA
Na sequência, aparecem imagens de Lula elogiando Chávez e da entrevista de Bolsonaro em que elogia o então presidente venezuelano.
"Por um lado, o extremismo de um deputado, que já mostrou simpatia por ditadores, como Pinochet e Hugo Chávez, e já defendeu o uso da tortura, que acha normal que mulheres ganhem menos que os homens", afirma Alckmin, enquanto imagens de Bolsonaro aparecem no vídeo.
"Uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo, que em quase 30 anos de Congresso, nunca presidiu uma comissão sequer. Nunca foi líder de nenhum dos nove partidos aos quais foi filiado. Um despreparado, que representa um verdadeiro salto no escuro", disparou o tucano.
Na sequência, e mantendo um semblante sério e sisudo, o candidato do PSDB centra artilharia no PT.
"Por outro lado, temos a própria escuridão, o PT, sempre radical e extremista. O partido que apoia o regime ditatorial, que levou a Venezuela ao desastre. O partido que quer o fim da Lava Jato, que foi envolvido no maior escândalo de corrupção do mundo, o petrolão. O partido que nos deixou o desastroso legado de Dilma e Temer", dispara.
"São dois lados de uma mesma moeda, a do radicalismo. Se qualquer desses lado vence, o país perde. Sou oposição a ambos, porque sou a favor do Brasil", conclui Alckmin.
A propaganda tucana está em linha com o que foi definido em reunião nesta semana entre o presidenciável e aliados: a elevação do tom contra Bolsonaro e o PT para tentar fazer com que Alckmin deslanche nas pesquisas de intenção de voto, já que ele se encontro distante na preferência do eleitorado de Bolsonaro e Haddad, líder e vice-líder na corrida presidencial de acordo com as pesquisas.
(Por Eduardo Simões)