Por Mitra Taj e Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O Congresso de maioria opositora do Peru renovou a confiança no governo do presidente Martín Vizcarra, na noite de quarta-feira, evitando uma crise política que teria lhe custado seu gabinete e provocado novas eleições legislativas.
A votação de 82 a 22 a favor do governo de centro de Vizcarra compromete os legisladores com a aprovação de suas reformas políticas e judiciais até 4 de outubro, em uma vitória rara sobre o partido de oposição conservador Força Popular, que controla o Congresso.
Mais cedo na quarta-feira a líder do Força Popular, Keiko Fujimori, candidata presidencial derrotada duas vezes e filha do ex-autocrata Alberto Fujimori, acusou Vizcarra de tentar dar um golpe de Estado legislativo.
Pela Constituição peruana, uma moção de rejeição teria obrigado Vizcarra a substituir todo seu gabinete, mas como o Congresso já demitiu um gabinete ele também teria podido reagir convocando eleições legislativas.
Vizcarra pediu união após a votação.
"Não há vencedores ou perdedores aqui", disse Vizcarra no Twitter (NYSE:TWTR). "Só o Peru vence".
Vizcarra havia pedido uma moção de confiança na noite de domingo para forçar a aprovação de leis visando combater a corrupção enraizada e reinstaurar a confiança nas instituições públicas após escândalos consecutivos no último ano e meio.
Críticos do Força Popular pressionavam Vizcarra a adotar uma postura mais combativa diante do partido opositor, que ajudou a depor seu antecessor, o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski.
Kuczynski renunciou devido a alegações de corrupção às vésperas da segunda votação de um impeachment apoiado pelo Força Popular em março. Vizcarra, seu vice, tomou posse prometendo combater a corrupção "a qualquer preço".
"Tenho confiança total de receber o voto de confiança hoje", disse Vizcarra aos jornalistas, cercado por seu gabinete, antes da votação. "Os quatro projetos de lei precisam ser aprovados".
As propostas de Vizcarra, que exigem alterações na Constituição, incluem adotar um novo sistema de seleção de juízes, acabar com a reeleição de parlamentares, voltar a ter um Congresso bicameral e endurecer o financiamento de campanhas.
Ele as apresentou em julho, depois que um escândalo de tráfico de influência no judiciário provocou protestos nas ruas e revolta contra a classe política.