Por Maximiliano Rizzi
BUENOS AIRES (Reuters) - O Mercosul oferecerá à União Europeia uma redução gradual das tarifas de compras de seus produtos em menos de 10 anos, mas espera um "incremento substancial" da cota de exportação de carne do bloco sul-americano, disse um funcionário argentino que participa das negociações para um acordo comercial entre os dois blocos.
A nova proposta implica em uma redução mais rápida do que a redução de tarifas em um período maior de 15 anos oferecida anteriormente pelo Mercosul, disse o secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Horacio Reyser, em entrevista à Reuters.
"Em algum momento da rodada de negociação, vamos apresentar um exercício de aceleração (da redução), isto é, vamos apresentar um percentual do comércio substancial em cestas de redução de menos de 10 anos, até chegar a zero", afirmou Reyser.
Mas Reyser também disse que espera um "incremento substancial" na oferta de uma cota de 70 mil toneladas anuais de carne bovina sem a cobrança de tarifas proposta pela UE em outubro, uma proposta considerada decepcionante pelo setor de alimentos, crucial para a economia do Mercosul.
Logo que essa oferta foi divulgada, o ministro argentino da Agroindústria, Luis Etchevehere, que até semanas atrás liderava um importante grupo de produtores, declarou à Reuters que esperava conseguir uma cota de cerca de 400 mil toneladas.
Um diplomata europeu com conhecimento das negociações disse à Reuters nesta semana que a UE melhoraria sua oferta para a carne, mas que será inferior a 100 mil toneladas. Reyser se recusou a responder se essa cifra lhe parecia razoável.
Tanto os governos do Mercosul --formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai--, como os líderes da UE têm dito que buscam assinar um acordo comercial até o fim deste ano.
O Mercosul entregou neste mês ao vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, uma lista que coloca números em todas as expectativas do bloco para alcançar um acordo, disse Reyser, que se recusou a revelar números, alegando que são confidenciais.
Caso se chegue a um acordo, ele entraria em vigor a partir de 2019, já que exige a aprovação do Parlamento de todos os países envolvidos, estimou Reyser.
"Pode levar no mínimo um ano, um ano e meio até que tudo isso se ratifique", afirmou Reyser, que na próxima semana viajará a Bruxelas para uma nova rodada de negociações.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle, em Brasília)