BRASÍLIA (Reuters) - O clima da disputa pela liderança do PMDB na Câmara dará o tom da escolha do presidente da sigla na convenção do partido em março, afirmou nesta terça-feira o atual líder do partido, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Picciani passou a tarde em seu gabinete em Brasília conversando com correligionários na tentativa de construir um consenso para sua recondução, na eleição de fevereiro, sem grandes embates.
"Eu creio que a bancada do PMDB é uma instância muito importante dentro do partido e evidentemente o que acontece dentro da bancada acaba se refletindo, se reverberando em outras instâncias partidárias", respondeu o líder ao ser questionado sobre a influência da disputa pela liderança na convenção de março.
"Se nós tivermos a possibilidade de construção de um caminho de consenso dentro da bancada, esse é um indicativo que nós teremos um caminho de convergência também para a convenção de março. Se nós tivermos uma disputa muito acirrada, me parece que esse também será um indicativo de que em março na convenção do partido teremos uma disputa muito acirrada", afirmou.
Ao comentar a possibilidade de uma candidatura de um senador para a presidência da legenda no lugar de Michel Temer, vice-presidente da República, Picciani afirmou que essa disputa ainda está no início e "não há clareza do que irá ocorrer".
"Assim como na bancada fazemos um esforço de buscar um caminho consensual, há também no partido um esforço de buscar esse caminho consensual."
Nas reuniões desta terça, o líder conversou com aliados e com integrantes de grupo que também tem a intenção de disputar a liderança, dentre eles o deputado Leonardo Quintão (MG).
Representante da bancada mineira, que chegou a demandar seu direito ao posto mas ainda não apresentou um candidato de consenso, Quintão ocupou a liderança por oito dias no fim do ano passado, quando insatisfeitos com a alinhamento de Picciani com o governo o destituíram da liderança.
O impasse na bancada ficou evidente após a indicação no ano passado de nomes para uma comissão especial responsável pela análise sobre a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dillma Rousseff. Integrantes da ala peemedebista contrária ao Planalto, aliada à oposição, apresentou uma chapa avulsa para compor a comissão, posteriormente anulada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em busca de consenso em torno de seu nome, Picciani prometeu indicar uma lista mista –com aliados e dissidentes– para compor a nova comissão especial.
Em outra frente, Quintão teve reunião com o presidente da sigla em Minas Gerais, Antônio Andrade, e deve ter mais uma reunião com a bancada do Estado na próxima segunda-feira, na tentativa de firmar sua candidatura.
"Eu estive com o presidente do partido... para mostrar para ele que estamos caminhando para uma candidatura, que tenho o apoio de boa parte dos parlamentares da bancada e nós vamos ter essa reunião em Minas", disse o deputado mineiro a jornalistas após a reunião com Picciani.
Questionado sobre a possibilidade da nomeação de um peemedebista mineiro no comando da Secretaria de Aviação Civil (SAC) para apaziguar a bancada de MG, hipótese negada por Picciani em entrevista a jornalistas, Quintão argumentou que a liderança "do maior partido do Brasil e da Câmara é muito mais importante do que um ministério que não tem condição de ajudar as bases do partido no Estado".
Ainda que quase a metade do partido se posicione declaradamente contrária ao governo e favorável ao fim da aliança com o PT, o PMDB é de extrema importância para o governo.
Um dos maiores partidos da Câmara, tem papel decisivo em votações prioritárias, assim como na decisão sobre a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
(Por Maria Carolina Marcello)