Por Julien Toyer e Sam Edwards
MADRI/BARCELONA (Reuters) - O governo da Espanha se prepara para impor o controle direto sobre a Catalunha nesta sexta-feira como forma de deter sua tentativa de independência, uma medida inédita que pode provocar uma reação raivosa dos separatistas e agravar a pior crise do país em décadas.
O Senado, a câmara alta do Parlamento espanhol, se reúne para aprovar o Artigo 155, a lei que permitirá que o governo central assuma o comando da região autônoma.
Em Barcelona, principal cidade da Catalunha, líderes secessionistas estudavam a próxima manobra, que pode incluir uma declaração de independência unilateral, enquanto apoiadores iam às ruas.
"Medidas excepcionais só deveriam ser adotadas quando nenhum outro remédio é possível", disse o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, no Senado. "Na minha opinião, não há alternativa. A única coisa que pode ser feita é aceitar e cumprir a lei."
A liderança catalã está ignorando a lei e debochando da democracia, afirmou.
"Estamos enfrentando um desafio inédito em nossa história recente", disse Rajoy, que adotou uma postura inflexível contra a campanha independentista da Catalunha.
A crise dividiu a região e causou profundo ressentimento na Espanha –agora bandeiras nacionais estão dependuradas em muitas sacadas da capital Madri como expressão de unidade.
Também provocou uma fuga de empresas da rica Catalunha e despertou em outros líderes europeus o temor de que acabe insuflando sentimentos separatistas em outros pontos do continente.
Uma votação deve ocorrer no Senado às 14h locais. Depois disso Rajoy deve convocar seu gabinete para adotar as primeiras medidas para governar a Catalunha diretamente. Isto pode implicar em demitir o governo de Barcelona e assumir a supervisão direta das forças policiais catalãs.
Mas como o controle direto funcionará na prática, incluindo a reação de servidores civis e da polícia, ainda é incerto.