Por Taís Haupt e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, recuperava-se em São Paulo nesta sexta-feira, um dia depois de ser esfaqueado num evento de campanha e passar por uma delicada cirurgia de emergência em Juiz de Fora (MG).
"Estou bem e me recuperando", disse o candidato em sua conta no Twitter (NYSE:TWTR).
"Agradeço do fundo do meu coração a Deus, minha esposa e filhos, que estão ao meu lado, aos médicos que cuidam de mim e que são essenciais para que eu pudesse continuar com vocês aqui na Terra, e a todos pelo apoio e orações", acrescentou.
Internado no hospital Albert Einstein desde esta manhã, Bolsonaro está "consciente e em boas condições clínicas", segundo boletim médico divulgado às 14h26.
"O paciente está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde realizou exames laboratoriais e de imagens e foi avaliado por equipe multiprofissional. O tratamento iniciado anteriormente em Juiz de Fora (MG) está sendo continuado", afirma o boletim assinado pelo diretor superintendente do hospital, Miguel Cendoroglo.
O senador Magno Malta (PR-ES) disse a jornalistas, ao chegar no Einstein, que agora "é tempo do Bolsonaro se recuperar, cuidar da saúde".
"Passar pela urna é um detalhe. Embora eu sempre tive consciência de que ele se tornaria presidente no primeiro turno. (...) O que ele tinha que falar já falou, as ruas que ele tinha que ir já foi”, disse Malta.
Num vídeo gravado por Malta, ainda em Juiz de Fora, Bolsonaro afirma ter uma missão a cumprir.
“Todos nós temos uma missão aqui na Terra e essa missão será cumprida por mim... ou por outra pessoa”, disse o candidato em vídeo compartilhado via WhatsApp.
No Einstein, o deputado federal Major Olimpio (PSL-SP) também minimizou os efeitos do atentado sobre a campanha do presidenciável.
“Ele estando ou não em campanha como ele gosta, eventos de massa, em público, há o reconhecimento da população do grande brasileiro. Então eu não acredito que haja dificuldade para o prosseguimento da campanha", disse o deputado a jornalistas ao chegar ao hospital em São Paulo.
"Ele vai ficar em convalescença pelo período que os médicos disserem que seja necessário, e não é o calendário eleitoral que vai definir isso”, acrescentou. “Não vão parar o Jair Bolsonaro com atentado, seja qual for a motivação, porque o Brasil precisa dele.”
O deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flavio Bolsonaro, um dos filhos do presidenciável do PSL, disse em uma transmissão ao vivo feita no Facebook (NASDAQ:FB) que, "provavelmente", Bolsonaro não poderá mais fazer ir para a rua nesta campanha e também apostou em vitória do pai no primeiro turno, marcado para daqui a um mês, em 7 de outubro.
“Ele (Bolsonaro) está em uma situação muito delicada, está com dificuldade de falar ainda, mas eu vou para lá (São Paulo) para confortar, como eu falei, e também, se ele tiver condições, saber como é que a gente vai conduzir a partir de agora essa campanha”, disse Flavio no vídeo, feito antes de ir para São Paulo.
PODERIA TER MORRIDO
Bolsonaro deixou a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora esta manhã após apresentar estabilidade suficiente para ser transferido.
Líder na corrida presidencial, ele sofreu lesões nos intestinos grosso e delgado e em uma veia abdominal, em decorrência de um único, porém profundo, golpe de faca durante ato de campanha na cidade mineira na tarde de quinta-feira.
"Primeiro nós estancamos o sangramento para preservar a vida dele e partiu para a cirurgia", explicou nesta manhã a diretora da Santa Casa de Juiz de Forma, a médica Eunice Dantas, referindo-se ao tratamento adotado na véspera.
"Fizemos uma secção de 10 centímetros e ele está com uma colostomia provisória... era um sangramento de vulto e dependendo da distância e da demora no atendimento poderia ter causado a morte dele", acrescentou.
Os médicos que participaram da cirurgia disseram na noite de quinta-feira que o intestino delgado foi costurado, mas não foi feita uma emenda na área atingida no intestino grosso, optando-se pela ligação com uma bolsa externa, a colostomia.
A médica repetiu a estimativa feita pelos colegas na véspera de que "deve levar de sete a dez dias para receber alta".
REPÚDIO
O gabinete do deputado Jair Bolsonaro condenou em nota nesta sexta-feira o ataque sofrido pelo presidenciável como “covarde” e afirmou que o episódio demonstra o nível de “radicalização político-partidária” do país, além de ferir princípios da democracia. [nL2N1VT0MW]
Na véspera, logo após o ataques, os demais presidenciáveis, assim com o presidente Michel Temer e as presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, repudiaram o ataque.[nL2N1VS237]
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Apesar da liderança na corrida presidencial, Bolsonaro tem a maior taxa de rejeição entre os presidenciáveis, segundo a última pesquisa Ibope.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, em Juiz de Fora, e de Taís Haupt em São Paulo; reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Camila Moreira, em São Paulo)