SÃO PAULO (Reuters) - O ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e ex-deputado Eduardo Azeredo foi condenado nesta quarta-feira a 20 anos e 10 meses de prisão em regime fechado pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato, sendo o primeiro político do PSDB condenado em um escândalo conhecido como mensalão tucano, quase duas décadas após a prática dos crimes.
Azeredo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelo envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas em Minas Gerais para o caixa de campanha à sua reeleição do governo estadual em 1998.
"Os motivos para a prática do crime são inteiramente reprováveis, visando à ocultação dos valores desviados das estatais, para o abastecimento do 'caixa 2' de sua campanha para a reeleição ao cargo de Governador do Estado de Minas Gerais, buscando ludibriar o eleitor com o poderio econômico conquistado com a prática das condutas ilícitas analisadas, em verdade envolvendo dinheiro público", escreveu a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, na sentença.
O esquema é considerado o embrião do mensalão petista, que se caracterizou pela compra de apoio político no Congresso Nacional durante o primeiro mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O empresário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão do PT por ter operado o esquema, também é citado no caso do mensalão tucano.
A juíza determinou na sentença que Azeredo cumpra a pena inicialmente em regime fechado e fixou 1.904 dias-multa, sendo o valor do dia-multa equivalente a um salário mínimo vigente ao tempo do fato.
"Ora, acreditar que ele não sabia de nada e foi um simples fantoche seria o mesmo que afirmar que não possuímos líderes políticos, que os candidatos a cargos majoritários são manipulados por seus assessores e coordenadores políticos", afirmou a juíza.
(Por Bruno Marfinati)