(Reuters) - O ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório disse à revista Veja que sua demissão do cargo está relacionada com ações que tomou referentes à Lava Jato e acusa o governo de querer abafar a operação que investiga um esquema bilionário de corrupção.
"Fui demitido porque contrariei muitos interesses", disse Osório em entrevista publicada na nova edição da revista. "O governo quer abafar a Lava Jato. Tem muito receio de até onde a Lava Jato pode chegar."
Perguntado se o governo teme a operação ou quer abafá-la, Osório respondeu: "as duas coisas".
Segundo Osório, as divergências com seu trabalho começaram quando pediu às empreiteiras do chamado petrolão que ressarcissem a União pelo dinheiro desviado da Petrobras (SA:PETR4). Na sequência, o então advogado-geral solicitou acesso aos inquéritos envolvendo aliados do governo.
Para o governo, no entanto, a substituição de Osório por Grace Mendonça na AGU se deve à qualidade do seu trabalho no cargo. Segundo uma fonte palaciana, sua atuação vinha sendo considerada insatisfatória já há algum tempo.
Um dos episódios que mais incomodaram o presidente Michel Temer foi o da troca no comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) logo no início da interinidade do peemedebista na Presidência da República.
Reportagem do jornal O Globo deste sábado relata que o Planalto já temia que Osório, cuja saída estaria programada anteriormente, faria ataques ao governo após deixar o cargo.
Apesar dos ataques, Osório disse, segundo a Veja, que nada conhece que desabone a conduta de Temer.
Neste sábado, a AGU divulgou nota para "reafirmar seu irrestrito compromisso com a missão constitucional que lhe foi atribuída".
"As declarações veiculadas nos últimos dias, na verdade, atestam o total desconhecimento das rotinas e procedimentos internos" da AGU, segundo o comunicado.
"A AGU reitera que a defesa do erário e o combate à corrupção, além da segurança jurídica aos seus órgãos assessorados, é e continuará sendo sua principal missão institucional."